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O FEMINICÍDIO SE ESTAMPOU NO SÉCULO XXI - Arimar Souza de Sá

Felizmente, terminamos o século com uma mulher mais empoderada, com direitos e deveres ...


Publicada em: 25/05/2019 22:47:45 - Atualizado



CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
O FEMINICÍDIO SE ESTAMPOU NO SÉCULO XXI
- Arimar Souza de Sá


O fenômeno não é recente. No desmonte histórico, o homem sempre matou as mulheres. Antes, matava um pouco menos, porque elas eram submissas, dependentes, diria a parte “frágil”, na nomenclatura de nossos pais. É que na versão machista, era fácil domá-las e mantê-las sob o silêncio do chicote.

Já esta “nova” e macabra investida dos homens contra as mulheres, conhecida como feminicídio, só FREUD explica. Sem o poder de dominar a fêmea pelo anzol da submissão do passado, eles têm utilizado sua força muscular para cometer os crimes que, em essência, terminam por banalizar a vida. Dir-se-ia: homens degenerados cuspindo o fogo de satanás na antecipação do apocalipse.

Historicamente, as mulheres do primeiro quartel do século XX viveram o jugo milenar da vergasta dos homens. A missão era exclusivamente dar a eles prazer, sempre “unilateral”, depois procriar, lavar e cozinhar. O negócio era assim: “Cuidar da casa e da meninada”. Não tinham voz, vez, não votavam e não exerciam cargos públicos, por isso é que contra elas não existia a ira dos homens, como a que vemos hoje.

Somente após a ditadura Vargas é que elas começaram vida nova. Tiveram consagrado o direito de votar e ter espaços no serviço público. Abriu-se para a mulher o sagrado direito de estudar... Nesta quadra, nasceram os cursos de pedagogia, mas a “lei” era clara: só podia casar depois que se formasse e, no cancioneiro popular, Nelson Gonçalves era enfático: “Uma normalista linda / não pode casar ainda / só depois que se formar / eu estou apaixonado / o pai da moça é zangado / e o remédio é esperar”.

Denota-se da canção de Nelson que, àquela época, a mulher não passava de uma boneca vestida de carne. Sua educação era para servir ao Estado, seu destino... para servir aos homens.

Felizmente, terminamos o século com uma mulher mais empoderada, com direitos e deveres claros, iguais aos homens e que, com méritos próprios, foi à luta, ocupando espaço na sociedade, e esse eco fantástico já chegou a todas as mulheres, pobres ou ricas, e graças a Deus, não há mais espaço para chibatas. As mulheres do século XXI estão caminhando ombro a ombro com os homens. São donas de casa, de seu trabalho e de seus narizes, e ponto!

... Os rancores do passado, que produziam seres “inferiores”, são página virada; a sociedade emprenhou-se de igualdade, não obstante o divino e sagrado pendor, dado por Deus à mulher, de procriar. No resto, tudo igual e, quem sabe, por isso, daí tenha nascido essa liturgia de ódio na matança indiscriminada de mulheres inocentes.

Talvez algum psicanalista possa explicar. O homem do século XXI, após a robotização das máquinas, atravessa um ciclo de readaptação à vida. No fundo, é outro tipo de homem, nervoso e frágil – mais frágil que as mulheres – e esse peso de incertezas os transformou em seres robotizados, preparados apenas para a convivência virtual, onde se constroem fantasias de sucessos e fracassos, e no embate entre o virtual e o real, faz parte da “onda” espancar ou matar, e passou a ser o fetiche dos falsos heróis.

As tragédias gregas, quem sabe, talvez possam também explicar melhor esse homem violento e voraz, esse cruel matador do século XXI. É que os gregos, na busca do conhecimento, abasteciam suas imaginações através de vários deuses, centrando em Dionísio, o deus grego da fertilidade e da libido, parte da sua decantada dramaturgia. Então, este homem, o que mata as mulheres, nada mais seria que o Deus Satânico dos gregos e romanos. Não é o homem com a tez brasileira, forjado, em sua maioria, na fornalha da escravidão. É besta-fera!

Esse brutal homem do século XXI, que estupra, que comete assédio moral e sexual, é uma amálgama de homem e demônio, com mistura de Dionísio e Satanás, uma espécie mal parida que deve ser eliminada da terra pelas forças de todos os deuses do mundo, sejam os mitológicos, deuses gregos, sejam os romanos, escandinavos ou orientais.

Na verdade, o homem que estupra, mata, assedia, não pode viver em sociedade. Em tese, na hora da raiva, seria melhor castrá-lo na forja, mas como isso não é possível, que se criem leis mais severas para coibir suas atrocidades.

E, neste duelo entre o bem e o mal, requeiramos a Deus que se apiede de todas as mulheres – negras, brancas e amarelas – encorajando-as a reagir, não apenas com a lei Maria da Penha, mas pugnando por leis que dimensionem estes crimes como hediondos, sem dosimetria penal. Preso, preso até o final.

E a nós, homens de bem, cabe iniciarmos uma cruzada de trabalho e informações constantes, transferindo aos nossos filhos homens a obrigação de que, no futuro, eles respeitem todas as mulheres como desejariam que fossem respeitadas as suas mães e irmãs, fazendo-lhes entender que o ser feminino tem o direito de ser feliz e respeitado, desde a infância e em cada época da vida, e não como objeto das sanhas diabólicas dos homens-bestas, que as espancam e matam, abreviando suas vidas estupidamente.

É Tempo de reflexão.
AMÉM!


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