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As Pirâmides e a Balbúrdia - por Arimar Souza de Sá


Publicada em: 31/08/2019 18:58:25 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
As Pirâmides e a Balbúrdia 
- Arimar Souza de Sá

Símbolos do Egito e de seus faraós, as Pirâmides ultrapassaram os umbrais do tempo, para se tornarem uma das sete maravilhas do mundo antigo. Tudo por fora, é claro, para o brilho dos olhos, mas por dentro, no real, na hora da onça beber água, são “apenas” túmulos – e sagrados, para eles – onde se alojam as múmias e os enigmas dos hieróglifos.

Assemelham-se, na verdade, às diversas outras pirâmides do mundo, inclusive as sociais, onde, metaforicamente, elas ganham formatos e interpretações diversos, de acordo com as circunstâncias e estágios que humanidade experimenta...

Pelo estudo desse conceito mais amplo de “pirâmide”, tanto as concretas quanto as metafóricas, pode-se avaliar as faixas etárias, as economias dos povos, o índice de desenvolvimento, a educação, a higiene, o transporte, a saúde, o poder beligerante, enfim, facilmente podemos ver o mundo que se esconde por detrás de suas aparências, sob o manto do sol.

A intuição dos egípcios na configuração estética desses monumentos, seria o entendimento de que o divino se ergue para o infinito, como um funil invertido. De tudo e por tudo, observa-se que o homem, já em priscas eras, aplicava a geometria à vida cotidiana e, através dela, ao seu equilíbrio no tempo e espaço.

Creiam, nos dias atuais, estamos necessitando do equilíbrio secular das pirâmides na forma original, para não sucumbirmos aos solavancos das tempestades políticas, sociais e judiciais, provocadas muitas das vezes por interesses nem sempre tão “republicanos” com deveriam, e que acabam causando na população asco e prejuízo.

Essa Lei do Abuso de Autoridade, por exemplo, como que estremece a pirâmide da justiça e abre fendas profundas nas paredes do judiciário, do Ministério Público e dos órgãos de repressão ao crime.

Noves fora os excessos irracionais de algumas autoridades, que chegam a aviltar direitos líquidos e certos do cidadão, essa lei, se promulgada da forma como foi aprovada, seria como se, de uma hora para outra, fosse espatifada a “pirâmide social” brasileira, como quase aconteceu em 15 de março de 1964.

Nesta data, no histórico comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas se acotovelaram para ouvir o líder comunista e presidente João Goulart propor suas “reformas de base”, entre as quais a controvertida desapropriação de terras ao longo de rodovias e ferrovias, para efeito de reforma agrária.

São, pois, perigosos, esses trincamentos das Pirâmides do Poder. Aliás, depois de tantas conquistas democráticas, não faz o menor sentido trincar as paredes institucionais levantadas na argila do tempo.
Como visto, a simbologia das pirâmides do Egito guarda milenares segredos, como também as pirâmides institucionais brasileiras, sendo o necessário o silêncio da sabedoria, o principal.

O Estado, a nossa grande pirâmide, não pode corroborar com os trincamentos, sejam eles sociais, jurídicos, militares ou institucionais.

Não se pode, em hipótese alguma, a despeito de interesses ostensivamente financeiros contrariados, expor as vísceras e os segredos de um país para o mundo. Isso é lesa pátria e merece castigo pela traição.

Essa sublimação piramidal nos impõe, para que se mantenha a ordem da ética e da salutar sobrevivência dos brasileiros, não se permitir trovoadas, queimadas, vazamentos criminosos e outras desordens. Silêncio, silêncio, silêncio, como sinal de maturidade e equilíbrio, como voz da sabedoria, é preciso. Ação enérgica, também, para enquadrar os transgressores do regramento penal.

O silêncio é tão importante que na antiguidade tinha-se verdadeiro pavor do pássaro Rasga Mortalha. É que ele, com seu sinistro canto, cortava o silêncio da noite e se acreditava sempre anunciar a morte.

A liturgia atual, no entanto, é do barulho e quebras de barreiras, paradigmas e vícios, e como o verbo “quebrar” é forte, no desapreço, os revoltados promovem uma onda de horror rodeando os poderes constituídos, como o sinistro canto do pássaro agourento.

Estamos, assim, abortando o trincamento das colunas morais de nossas pirâmides, por isso claudicamos no embate verbalístico, do você é feio, eu sou bonito, eu sou Bolsonaro, você é Lula, e aí lá se vão os descaminhos da Petrobrás, do BNDES, do tesouro, de nossas matas, tudo queimando na configuração subjetiva de nossas incongruências.

Mas, retornando ao silêncio... Por que perdemos a tez e a visão da pirâmide, mostrando deslavadamente para o mundo as nossas vísceras, como faz cotidianamente uma emissora de TV, querendo, defecou no mundo o prurido da floresta brasileira.

Nesta configuração de desrespeito ao nosso próprio silêncio e pátria, abriu-se o útero de nossas pirâmides, e foram mostradas a fraqueza moral de alguns homens e as fragilidades institucionais. No solavanco, ninguém mais sabe se é Curitiba ou Brasília, a sede do Poder Judiciário. Virou uma briga de porcos em dia de chuva.

Ninguém sabe dizer ao certo se quem manda é o conselheiro do rei ou o próprio rei? Se quem manda é o Legislativo, o Executivo ou o Supremo?

Parece que nem um e nem outro. Como na Arca de Noé, no tumulto, a galinha ficou sem, mas mandaram para o jurídico.

Para os que se refugiam na Arca, ou estão no convívio dos “eleitos”, mas com o rabinho preso, a saída é o Supremo. E aí a pirâmide é colocada de cabeça para baixo, e no alvoroço, mando eu, manda você, mandamos nós, e sem medo mandam os loucos nas redes sociais.

Na dúvida, FORÇA, para que as pirâmides estremecidas não trinquem de vez. Aí, abriu a porteira, e a coisa beira a liberalidade.

Cruz Credo! 
AMÉM!


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