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CRÔNICA DE FIM DE SEMANA: As enchentes no Brasil e o Corona Virus na China - Arimar Souza de Sá


Publicada em: 01/02/2020 17:22:44 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
AS ENCHENTES NO BRASIL E O CORONAVIRUS NA CHINA
- Arimar Souza de Sá

Já faz alguns lustros que o problema das enchentes “torra o saco” do Brasil, causa vítimas fatais, capitaliza enormes prejuízos e oprime a população. Ações de natureza preventiva, nenhuma. A solução, deflui-se, tem sido administrar o caos gerado pelo infortúnio.

A cada janeiro, todos já esperam chuvas torrenciais, enchentes, deslizamentos de encostas e mortes, provocados pelas enxurradas, como agora em Minas Gerais.

Ora, não se pode banalizar a morte, a dor e os prejuízos materiais das vítimas, como se fosse se o entrave fosse degustar uma cervejinha gelada e um bom tira gosto, curtindo a brisa do mar. O problema é maior, é gravíssimo, e deveria ser objeto de um amplo Plano de Ação Pública Federal, coisa que não se viu até agora.

O Estado, todos sabem, não tem políticas eficazes de inclusão dos pobres e, se as tivesse, já teriam sido criados espaços em outras instâncias da Federação para abrigar as populações periféricas, que vivem hoje alojadas nos currais do puro desamor de quem decide.

Paradoxalmente, no Brasil cuida-se mais das reses nas fazendas do que dos pobres nas favelas, nos guetos, nas palafitas, nos vãos das ruas e, agora, nas encostas das cidades construídas ao lado das montanhas.

Neste remoer de dores, Minas Gerais é o exemplo eloqüente e mais bem acabado do desprestígio do homem brasileiro comum. É a desumanização em forma de deboche. É a latrina do desgoverno na seara impudica da ausência de vergonha de quem poderia mudar o curso de uma história de dor – mas não o faz.

Não sei por que os homens de Poder são assim: não tomam consciência de que somos um País continental multifacetado de problemas, e agem sempre “de improviso” diante desses arroubos anuais das intempéries da natureza.

Na prática, as ações de salvamento ficam por conta das vítimas e dos abnegados agentes da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, tentando com pás, botes e carrinhos de mão, dar um tranco no monstro voraz. E, para as famílias afetadas, só resta chorar seus mortos.

Sinceramente, é um mistério o que se passa com o Brasil, onde os “representantes” do povo não se afligem na busca de soluções concretas que possam debelar esses assombrosos acidentes da natureza, máxime os que se encravam nas bacias hidrográficas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, as grandes concentrações humanas do sudeste brasileiro.

Por outro lado, a “mundividência” cibernética está entupida de informações e, através delas, tem-se travado uma verdadeira guerra entre internautas de todas as cores e partidos... Uma guerra besta, fratricida, onde se discute conceitos filosóficos sem a participação de filósofos ou filólogos – e aí se claudica nas interpretações e na linguagem, e tudo morre na Grande Rede, sem nenhuma solução, quando não se transformam em “memes” – de pura gozação...

Patinam, os pobres incautos da Web, na “verbalística”, e se confundem nos conceitos, quanto mais na prática das ações saneadoras. Debates estéreis, sem o menor nexo, que não levam a caminho algum, e enquanto isso os barrancos despejam para o asfalto a nossa podridão, manchada com a indiferença do Estado para com a dor dos excluídos.

Cuidar das desigualdades deve ser meta constante e inegociável dos governos federal, estaduais e municipais, mas não se pode descuidar das coisas de DEUS. Ele veio à terra por seu filho e não cuidou um só dia de coisas materiais...Derreteu seu tempo com os homens. Entre o barranco e o homem, Jesus cuidou do sofrimento do homem, a meta de Deus.

É urgente, então, que se crie um órgão federal específico para tratar da defesa das bacias hidrográficas do país, antes, é claro, que milhões de brasileiros sejam tragados e soterrados, como aconteceu em Brumadinho e hoje acontece em Belo Horizonte.

De acordo com Alfred Wegener, o geógrafo e meteorologista alemão, a natureza cura-se de “per si”, e o que estamos vendo agora é a fúria dela na guerra pelos seus ajustes.

Quem sabe? – Deixar os morros se vestirem de plantas e arvoredos. Que os rios, protegidos por suas matas ciliares, possam percorrer seu caminho natural em busca do mar, nosso maior berço de vida, sem assoreamentos, sem cocô, sem plásticos e, sobretudo, sem receber o lixo jogado pelo homem nos bueiros das cidades.

Mudando de assunto, outra avalanche de dor agora percorre os muros da Internet, e os noticiários revelam no mundo a presença de um novo vírus letal na China, o Coronavírus. Isso pode ser debitado também aos descuidos do homem com a saúde na Terra. Pelo visto, no caminho que estamos trilhando, outros monstros chegarão rapidamente aos nossos quintais. Deus nos livre.

A peste bubônica, a febre amarela, a peste negra, a AIDS e o Ebola, são os grandes flagelos surgidos sobre a terra, e só são combatidos com políticas públicas inteligentes, implementadas por gestores igualmente inteligentes – e não há outro caminho. No mais, é sofismar.

É evidente que a China, a segunda maior economia do mundo, foi surpreendida com esse novo vírus, talvez porque ainda, “culturalmente”, deixa parte de sua população comer ratos e morcegos e até conviver com cobras peçonhentas à mesa. O Coronavírus, creiam, é a resposta de Deus, porque Deus é natureza respondendo às chicotadas dos homens no seu coração.

Aqui no Brasil, onde não conseguimos debelar sequer a malária, a dengue, a hanseníase, a febre amarela, que o Coronavírus não chegue por essas plagas, pois atualmente a Rede Pública é bastante deficitária.

Que os homens, enfim, cumpram os desígnios de Deus cuidando da natureza fazendo os seus ajustes.

E que Ele nos livre do Coronavírus, porque aqui os ratos são muitos, são vorazes, e eles é que comem à nossa mesa.

Amém.



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