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    porto velho, sábado 4 de maio de 2024

Carlos Paraguassú lança obra: Como fazer ciência na Amazônia

Fazer ciência na Amazônia não é para amadores


Publicada em: 11/03/2020 14:51:17 - Atualizado

PORTO VELHO - RO - O catedrático, Carlos Alberto Paraguassu, Doutor em Ciências da Saúde (Geografia Médica) - Universidad de La Habana - CU, Diplomado pelo Instituto Superior de Ciências Médicas da U. Habana, lançará na próxima sexta feira,13, às 16hs na GOB - Grande Oriente Brasil,  na capital de Rondônia, o livro intitulado Amazonian Studies of Medical and Health Geografic.

Esta obra, concebida em inglês, segundo o autor, revela a importância de reunir esses diversos artigos em um único volume já publicados sobre as doenças que atacam os povos da amazônia.

LEIA ABAIXO A EXPLANAÇÃO DO AUTOR SOBRE A OBRA

Fazer ciência na Amazônia não é para amadores. É uma tarefa hercúlea. É isso mesmo, um adjetivo que denota heroísmo, grandeza. Sem recursos e falta de uma política de estímulo, por meio de agentes locais, estaduais ou federais, aqueles que se propuseram a fazer ciência na Amazônia deveriam ser considerados heróis, merecedores de nosso respeito e admiração. 

A Amazônia sempre foi descrita por cientistas (nacionais e estrangeiros) como um “desafio”, uma região “extraordinária” e “rica” que detém “a maior biodiversidade do planeta” e usa outros termos e expressões hiperbólicos. É evidente, no entanto, mesmo em trajetórias cheias de altos e baixos, que os cientistas brasileiros ainda não foram capazes de enfrentar a enorme tarefa de pesquisar adequadamente a região. 

Vários programas governamentais foram propostos nos últimos 60 anos para tentar mitigar essa situação. É consenso que todos esses instrumentos tenham, de alguma forma, focado nos esforços para construir uma base institucional mais forte, com preocupações em identificar prioridades em Ciência e Tecnologia, acesso a financiamento e qualificação de pessoal. 

Todos eles, no entanto, caracterizam-se por uma fase de expansão, seguida de estagnação e declínio, devido em grande parte à desarticulação e falta de continuidade das políticas públicas. Isso resultou em "extrema desigualdade" na "distribuição de recursos humanos qualificados" e em cursos de pós-graduação entre as diferentes regiões do país, com a Amazônia menos abastada. 

Os índices que revelam a precariedade do empreendimento científico amazônico mostram que apenas 3% da produção científica brasileira vem do Norte e que 75% dessa minúscula parcela vem de uma única cidade, Belém, capital do estado do Pará. 

A Amazônia deve ser vista como uma fronteira geográfica, humana e de recursos e a mesma região da fronteira da ciência e do conhecimento científico. 

Então, olhando para toda a pesquisa divulgada neste livro, sinto que alguns heróis estão contribuindo efetivamente para mudar esse cenário. 

Este livro é uma coleção de artigos publicados originalmente no International Journal of Advanced Engineering Research and Science (IJAERS). A importância deste trabalho é reunir esses artigos em um único volume para facilitar o acesso do leitor a esse conjunto de trabalhos dentro do mesmo tema. 

Existem 7 capítulos que retratam um panorama diversificado de pesquisas em Geografia Médica e da Saúde na Amazônia. 

Os dois primeiros capítulos descrevem pesquisas sobre a contaminação por nitratos em águas mantidas em poços e águas subterrâneas em áreas urbanas nas cidades limítrofes de Rondônia (Brasil) e Bolívia no oeste da Amazônia. Os dados apresentados mostram níveis alarmantes de contaminação que tornam a água imprópria para consumo. E essa contaminação é resultado da atividade humana, evidenciando a ineficiência dos sistemas sanitários e práticas higiênicas inadequadas. 

Um desafio para os governantes por políticas públicas urgentes. 

O capítulo III descreve a qualidade das águas subterrâneas potencialmente impactada por nitrato antes e depois da enchente do rio Madeira em 2014. Os resultados mostram altos níveis de nitrato (N03) demonstrando que após essas inundações a população está consumindo água com alto grau de contaminação, sendo um alerta para saúde pública. O capítulo IV analisa a frequência histológica e câncer em crianças atendidas nos dois principais hospitais públicos Rondônia nos anos de 2014 e 2015. Os resultados descrevem a frequência por sexo, idade, os tipos histológicos, as neoplasias, linfomas, leucemias, entre outras. 

O capítulo V apresenta dados geoepidemiológicos da hanseníase e sua espacialidade (distribuição) no Estado de Rondônia de 2011 a 2014, na perspectiva da geografia médica, identificando e mapeando áreas críticas para esta infecção crítica. Os dados são alarmantes: a hanseníase está presente em 100% dos municípios de Rondônia. 

O capítulo VI apresenta um levantamento da distribuição espacial de Leishmaniose Tegumentar Americana em Rondônia. A leishmaniose é classificada como uma doença tropical negligenciada e tem havido um número crescente de casos em diferentes regiões do Brasil. O estudo descreve aspectos epidemiológicos da Leishmaniose Cutânea Americana em um subespaço do Oeste Amazônia. Os resultados indicam a hanseníase como um problema de saúde pública em Rondônia. 

O capítulo VII analisa o processo terapêutico de idosos hipertensos e diabéticos, assistidos em um programa da Rede Unidade Básica de Saúde na cidade de Ariquemes, Rondônia, Brasil.  

Todos esses estudos são coordenados pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Paraguassú Chaves, que é o líder da equipe do grupo destas pesquisas. É importante mencionar que todo o trabalho aqui relatado não tem apoio financeiro público; isto é, eles foram auto-sustentados pelo autor Dr. Paraguassú-Chaves. 

Espero que os leitores gostem deste livro e possam aprender sobre Geografia Médica e perfil geoepidemiológico de alguns problemas de saúde pública na Amazônia. 


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