Fundado em 11/10/2001
porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
A SAÚDE DE RONDÔNIA E O INSTITUTO NA UTI
- Arimar Souza de Sá
É comum ouvir-se falar que a saúde no Brasil é um caso de polícia. Digo eu: é um caso de vergonha na cara, mesmo!
Digo mais – de falta de respeito ao sofrido e fiel contribuinte – aquele que a duras penas todo mês põe a mão no bolso e tira mais da metade de seu mirrado dinheirinho para engordar os cofres do governo.
Mas no pensamento “deles” – dos que recebem e administram essa dinheirama toda, creio, – o brasileiro deve mesmo é continuar sofrendo nas filas e pagando a conta! Pobre que se lixe, ou vire lixo! Tanto faz, desde que pare de encher o saco, ou então morra...
Depois, mortinho da silva, é só arrumar um sacerdote para encomendar a alma do “de cujus”, rezar um Padre Nosso, uma Ave-Maria, empurrar no buraco, jogar sete palmos de terra, e está feito o serviço.
Ora, parece que, nesta linha de raciocínio, pobre não é filho de Deus. Então, clamemos! Ó, Deus! Não vos Inquieteis com certas aves de rapina que teimam em pousar por aqui e depois ir embora! Passai um pouco do desconforto que esses pobres sentem e jogai um tiquinho na cabeça de certos “administradores”.
Sei que não és padrasto, és Pai. Então, alivia o sofrimento dessa gente que não tem vez nem voz. Não fecha os olhos e nem faz “beicinho” para a dor desses pecadores, mas age rápido, para que voltemos, assim, a respirar um ar que antes era puro nesta terra de destemidos pioneiros.
O caso é grave e merece reflexão e solução rápida, tanto na Saúde Pública quanto na Previdência de Rondônia. Senão, vejamos esse jogo de empurra-empurra:
Os governos dos estados culpam o Governo Federal. Os municípios culpam os estados, enquanto isso, as filas só aumentam e os óbitos vêm a reboque pela falta de respeito humano. E a morte, velha companheira da vida, não perdoa, não espreita e na ronda vai ceifando a vida, de quem chora quando precisa da saúde pública.
Nas filas das Unidades de Emergência, já não existem mais criaturas humanas à procura de restabelecer a saúde, senão andrajos, contingentes cada vez maiores de homens, mulheres e inocentes, vítimas do destino atroz, que já nem sorriem, nem choram, apenas aceitam essa imensa crueldade contra eles perpetrada por seus algozes dos gabinetes com ar refrigerado. A dor, imagino, nem gera mais lágrimas, senão a angústia e o desconforto de ainda estarem vivos.
Como se não bastasse esse descalabro na saúde, agora quem dedicou a vida a sustentar o Estado, se aposentou ou está em vias de vestir o pijama, corre o risco de ter contribuído com a previdência metade da vida para, na outra metade, ao invés de uma aposentadoria digna, viver à míngua, porque o Instituto de Previdência jogou seu dinheiro fora e está quebrado.
Outra situação triste, bisonha, que vilipendia os direitos da pessoa humana – e, o pior, sem que nenhum administrador até hoje tenha sido punido por isso.
A saúde financeira do Iperon, segundo consta, espelha a realidade vestida de Frankenstein, e começou quando uma aplicação financeira vultosa teria sido feita no Banco Santos, que em seguida faliu, saiu do mercado – mas levou – “claro” – o dinheiro do contribuinte.
Depois, organismos da própria administração direta do Estado recolhiam compulsoriamente do servidor, as contribuições destinadas à Previdência, mas não repassavam para os cofres do Instituto, dentre outras questiúnculas que ainda não vieram a público...
Agora, a conta chegou: O Governo do coronel Marcos Rocha terá que romper a inércia, dar ordem unida aos seus praças e enfrentar, rápido, a questão da Reforma da Previdência, senão o Iperon, em breve, estará falido, e não terá mais recursos para pagar nem o caixão dos aposentados e pensionistas.
CMR não poderá mais “enrolar”, mesmo tendo aportado recentemente R$ 138 milhões que o Estado devia ao órgão, porque o rombo de 600 milhões de reais, previsto para 2021, só poderá ser corrigido com duras, drásticas e imediatas ações, caso contrário, o que se verá, depois que a “banda passar”, será o choro, o ranger de dentes e uma chuva de ações de reparações de danos.
Nestas horas é que os homens deveriam virar animais irracionais e urrar, esturrar, ganir, morder, brotar o horror pelas goelas.
Mas é nestas horas também, é que a gente espera luz das autoridades, como o Ministério Público, que tem poder de capaz de esgrimir, como espadachim, a arma da honra, como fizeram os antigos Três Mosqueteiros na obra de Alexandre Dumas.
Começar a agir nas hostes do “Parquet” é imperativo da situação, porque o morno silêncio, que se assistiu até agora, só tem favorecido os incautos e o medo é na hora de a onça beber água.
Aí, certamente, Inês estará morta...
AMÉM.