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    porto velho, sexta-feira 14 de março de 2025

Contas de luz disparam e puxam maior inflação para fevereiro em 22 anos

Custo da energia elétrica residencial aumenta 16,8% em fevereiro, diz IBGE...


Do UOL

Publicada em: 12/03/2025 08:34:37 - Atualizado

BRASIL: A inflação oficial do Brasil ganhou força e atingiu 1,31% em fevereiro, ante alta de 0,16% apurada no mês anterior, mostram dados publicados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Influenciada pelo aumento de 16,8% das tarifas de energia elétrica residencial, a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é a maior para o mês desde 2003.

Como foi a inflação

Inflação atinge maior nível para fevereiro em 22 anos. Alinhada com as expectativas, a taxa de 1,31% é a maior para o mês desde 2003 (1,57%). No ano passado, a variação foi de 0,83%. Já na comparação entre todos os meses, a inflação é a mais elevada desde março de 2022 (1,62%).

IPCA acumulado em 12 meses volta a superar os 5%. O avanço de 5,06% dos preços entre março de 2024 e fevereiro de 2025 é o mais alto desde o período finalizado em setembro de 2023 (5,19%). No ano passado, a inflação anual acumulada até fevereiro foi de 4,51%.

Variação anual do IPCA segue acima do teto da meta. Com a aceleração, o índice oficial supera, pelo quinto mês consecutivo, o limite de tolerância de 1,5 ponto percentual definido para a inflação deste ano. Com a meta estabelecida em 3%, o CMN (Conselho Monetário Nacional) determina que o índice deve variar entre 1,5% e 4,5%.

Banco Central prevê inflação acima de 4,5% até junho. Sem perspectiva de desaceleração dos preços, a autoridade monetária admite que vai precisar se justificar, no meio deste ano, o estouro do IPCA devido à alteração dos regimes de metas. As explicações passam a ser necessárias sempre que a inflação ultrapassar o teto por seis meses consecutivos.

Contas de luz são vilãs

Energia elétrica residencial ficou 16,8% mais cara. O resultado representa uma recomposição do desconto concedido nas contas de luz de janeiro, devido à distribuição do saldo positivo da Hidrelétrica de Itaipu. Na ocasião, os preços caíram 14,2%, segundo o mesmo IPCA.

"Bônus Itaipu" beneficiou 78 milhões de clientes. A projeção da hidrelétrica considera o desconto entre R$ 16,66 e R$ 49 nas tarifas residenciais e rurais. O benefício chegou ao bolso de todos os que tiveram consumo inferior a 350 quilowatts-hora (kWh) em ao menos um mês de 2023.

Distribuição no início deste ano foi extraordinária. A concessão do benefício foi repassada com atraso. Em 2023, o benefício foi aplicado nas contas de julho. Na ocasião, o valor das faturas de energia recuou 3,89%. No mês seguinte, as tarifas subiram 4,59%, mostra o índice oficial de preços.

Alimentos pesam no bolso

Inflação dos alimentos e bebidas foi de 0,7% em fevereiro. A taxa, que representa uma desaceleração ante a variação de 1,07% registrada em janeiro, foi influenciada pelo custo da alimentação no domicílio, que apresentou alta de 0,79%.

Ovo de galinha (15,4%) e café moído (10,8%) lideram altas. Por outro lado, a batata-inglesa (-4,1%), o arroz (-1,61%) e o leite longa-vida (-1,04%) aparecem com preços mais baixos do que os registrados no mês anterior.

O café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do [preço do] ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos EUA, e, também, pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta.
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

Alimentação fora de casa também subiu em ritmo menor. A variação de 0,47% é menor do que a apurada em janeiro (0,67%). Contribuem para a taxa as oscilações dos subitens lanche (0,66%) e refeição (0,29%), ambos com variações inferiores às observadas no mês anterior, de, respectivamente, 0,94% e 0,58%.

O que é o IPCA

Inflação oficial é calculada a partir de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada um dos itens analisados pelo indicador.

IPCA abrange a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.

Análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE realiza as coletas de preços nas regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e do Distrito Federal. Também há pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.


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