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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
BRASIL: O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), indicador responsável pelo reajuste da maioria dos contratos de aluguel vigentes no Brasil, perdeu ritmo, mas manteve a tendência de alta e saltou 0,66% neste mês de agosto, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (30), pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Apesar de alta mensal corresponder a uma desaceleração em relação ao avanço de 0,78% registrado em julho, o indicador acumula ganhou de 31,12% no acumulado dos últimos 12 meses, percentual que será usado para reajustar as locações com vencimento no mês de setembro. No ano, o IGP-M acumula alta de 16,75%.
Significa dizer que os inquilinos que pagam atualmente um aluguel de R$ 1.300 terão que desembolsar R$ 1.573,44 (+R$ 373,44) todos os meses para continuar morando no mesmo imóvel. Para evitar o peso no bolso, especialistas recomendam a renegociação com o proprietário do imóvel.
Para André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), a desaceleração do IGP-M seria mais forte sem os impactos da pior crise hídrica dos últimos 91 anos enfrentada pelo Brasil.
"Para os produtores, as culturas afetadas pela estiagem, como milho (-4,58% para 10,97%) e café (0,04% para 20,98%) registraram forte avanço em seus preços. No âmbito do consumidor, o preço da energia, para a qual é esperado novo reajuste em setembro, registrou alta de 3,26%, sendo a principal influência para a inflação ao consumidor", aponta Braz.
Diante da diferença entre os indicadores, algumas imobiliárias já passaram a utilizar a inflação oficial para reajustar os novos contratos de aluguel. O tema é defendido por um grupo de entidades que representam lojistas de diversos segmentos que entraram com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a alteração.
Uma proposta de mudança também foi apresentada na Câmara pelo deputado Vinicius Carvalho (Republicanos-SP), mas esbarra no interesse dos shoppings e de financeiras que administram fundos imobiliários.
O governo também é contra a proposta de mudança por avaliar que ela estabelece uma "interferência indevida do Estado". A avaliação é de que o uso do IPCA para os reajustes causaria muita judicialização, grande parte dos contratos não seriam renovados, e o preço médio da locação tenderia a subir.
O cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola, industrial e na construção civil. Por isso, a variação é diferente da apresentada pela inflação oficial, que calcula os preços com base em uma cesta de bens determinada para famílias com renda de até 40 salários mínimos.