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Produção industrial recua de novo e segue abaixo do nível pré-pandemia

Terceira queda consecutiva do setor foi disseminada por três das quatro grandes categorias econômicas, aponta IBGE


R7

Publicada em: 05/10/2021 08:58:37 - Atualizado

BRASIL: A produção industrial no Brasil caiu 0,7% no mês de agosto, terceiro mês consecutivo de perdas do setor, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a sequência de resultados negativos, o desempenho mensal do setor figura 2,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, o último mês sem restrições causadas pela pandemia do novo coronavírus.

Apesar das perdas recentes, a produção industrial acumula ganho de 9,2% neste ano e de 7,2% nos últimos 12 meses. Ainda assim, está 19,1% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.

A queda verificada em agosto foi disseminada por três das quatro grandes categorias econômicas e pela maioria dos 26 ramos investigados pela PIM (Pesquisa Industrial Mensal), o que demonstra que a Covid-19 ainda afeta o setor.

"Há um desarranjo da cadeia produtiva que faz com que haja encarecimento dos custos de produção e desabastecimento de matérias-primas para produção do bem final. Isso vem trazendo, pelo lado da oferta, maior dificuldade para o avanço do setor", afirma André Macedo, gerente responsável pela pesquisa.

O pesquisador avalia ainda que outros aspectos ligados à demanda doméstica são somados a essas dificuldades enfrentadas pela indústria. “Há um contingente importante de trabalhadores fora do mercado de trabalho, e os postos que são gerados têm salários menores, ou seja, há uma precarização das condições de emprego", afirma Macedo.

Ela aponta ainda para a existência de uma retração da massa de rendimento e uma renda disponível menor para os consumidores, por causa da inflação mais alta. "Esses fatores afetam as condições de compra por parte das famílias”, completa ele.

Segmentos

A queda da produção industrial foi puxada, principalmente, pelas áreas de outros produtos químicos (-6,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,1%) e produtos farmacoquímicos e farmacêuticos (-9,3%).

Para Macedo, a queda acentuada da produção de produtos químicos "representa mais uma acomodação, algo pontual, do que uma reversão de tendência do comportamento positivo”. A percepção leva em conta o crescimento do setor de derivados de petróleo nos três meses anteriores.

Outras atividades que impactaram negativamente o índice geral foram as voltadas a equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,0%), produtos de borracha e de material plástico (-1,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,6%) e celulose, papel e produtos de papel (-0,8%).

Já entre as que tiveram crescimento na produção, destacaram-se a de produtos alimentícios (2,1%) e bebidas (7,6%) e indústrias extrativas (1,3%), todas atividades que tiveram um comportamento predominantemente negativo nos meses anteriores.

"O resultado positivo no mês de agosto é mais um grau de recomposição dessas perdas anteriores do que uma trajetória positiva que esses segmentos industriais venham a ter”, afirma André. A produção das áreas de metalurgia (1,1%), produtos de madeira (3,0%) e produtos têxteis (2,1%) também cresceu na passagem de julho para agosto.


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