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Ibovespa e dólar recuam após dado de inflação acima do esperado nos EUA

Investidores reforçaram apostas em uma nova alta de 0,75 p.p. nos juros pelo Federal Reserve, alimentando temores de uma recessão


cnn

Publicada em: 13/07/2022 10:17:38 - Atualizado

O dólar caía 0,25%, cotado a R$ 5,425, por volta das 10h20 desta quarta-feira (13), em um dia de ajustes após a forte alta da moeda na véspera, mesmo após o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos referente ao mês de junho superar as expectativas do mercado.

No mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,78%, aos 97.500 pontos, acompanhando a queda das bolsas no exterior após o dado de inflação dos Estados Unidos.

O indicador, que registrou uma alta acumulada de 9,1% nos 12 meses encerrados em junho, veio acima do esperado pelo mercado, o que reforçou apostas em uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve na próxima reunião de política monetária, ainda neste mês.

Além de tornar o dólar mais atraente para investimentos, a elevação de juros mais agressiva reforça apostas em uma recessão nos Estados Unidos, o que aumenta a aversão a riscos pelos investidores e favorece ativos mais seguros, caso da moeda norte-americana, com a retirada de investimentos em mercados como o brasileiro.

No Brasil, os investidores monitoram a votação da PEC dos Benefícios na Câmara dos Deputados, com preocupações quanto ao volume de gastos por parte do governo. O retorno do risco fiscal favorece o dólar em relação ao real, afastando investimentos estrangeiros.

Na terça-feira (12), o dólar teve alta de 1,27%, a R$ 5,439, no maior valor desde 24 de janeiro. Já o Ibovespa avançou 0,06%, aos 98.271,21 pontos.

Sentimento global

Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A alta foi de 0,75 ponto percentual, maior desde 1994, e novas elevações na mesma magnitude não foram descartas.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Entretanto, o combate do país à maior inflação em 40 anos gera crescentes temores de uma recessão na maior economia do mundo devido à necessidade de um aperto monetário agressivo. O risco leva a uma aversão a riscos, favorecendo o dólar e prejudicando ativos considerados arriscados, caso do mercado brasileiro.

Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.

No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.


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