PORTO VELHO-RO: A crise que tomou conta do Partido dos Trabalhadores (PT) em Rondônia nas eleições municipais revela um cenário de total abandono da ideologia que, por anos, definiu a trajetória da legenda. 

O fracasso nas urnas forçou figuras históricas do partido, como Itamar da Cut, Edson Silveira e Sid Orleans, a buscarem novas alianças políticas para garantir sua sobrevivência política. Em um movimento que surpreendeu muitos, esses petistas agora se alinham à candidatura de Leo Moraes, do Podemos, em Porto Velho, uma guinada pragmática que coloca em xeque os princípios que sempre nortearam o PT.

O que mais chama atenção é que, ao lado de Leo Moraes, está o deputado federal Fernando Máximo, do União Brasil, um dos principais críticos do governo Lula na Câmara dos Deputados. O inusitado dessa aliança expõe a ruptura definitiva com a antiga defesa ferrenha das causas e ideologias que o PT sempre pregou. Não é apenas uma questão de aproximação estratégica, mas uma mudança radical na postura de nomes que, até pouco tempo atrás, encarnavam o espírito do partido em Rondônia.

O desgaste eleitoral do PT no Estado e a falta de força política nas urnas forçaram essa transformação. Se antes os militantes defendiam com vigor as cores vermelhas e o ideário partidário, hoje a busca é por sobrevivência. As redes sociais de Leo Moraes e seus aliados têm exibido materiais que mostram a presença desses antigos petistas em sua campanha, algo que, há pouco tempo, seria impensável.

Essa guinada pragmática reflete uma verdade que ficou cada vez mais evidente: a ideologia partidária foi deixada de lado nas eleições municipais de Porto Velho. Para muitos, trata-se de uma questão de garantir espaço e influência em meio à derrocada do partido no estado. Em tempos de crise, a velha máxima "Farinha pouca, meu pirão primeiro" parece ser o novo lema de uma legenda que, em Rondônia, já foi muito mais do que uma simples busca por cargos e influência.

Enquanto o PT se debate para manter alguma relevância em Porto Velho, a realidade é que seus militantes, ao se aliarem a adversários tradicionais, assinam o fim de uma era de coerência ideológica. O pragmatismo tomou o lugar do discurso, e o que antes era visto como traição aos princípios do partido se tornou, agora, uma estratégia de sobrevivência diante do naufrágio eleitoral da legenda vermelha.