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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
O vice-presidente do Santos, Orlando Rollo, 40, que assumirá o comando do clube se o atual presidente, José Carlos Peres, tiver seu pedido de impeachment aprovado em assembleia geral no dia 29 de setembro, é conhecido por ser temperamental. Prova disso são os processos que o dirigente coleciona contra torcedores da equipe.
Só neste ano, ele moveu oito ações na Justiça contra santistas que o teriam ofendido em redes sociais. Alguns processos, porém, foram originados de críticas feitas ao seu trabalho no clube e reclamações sobre o tratamento que ele deu a outras pessoas.
Na primeira ação movida pelo dirigente, em abril, Rollo não gostou de um santista dizer no Facebook que "a atual diretoria, na figura de seu vice-presidente, destratou torcedores no saguão do hotel".
O episódio ocorreu em Buenos Aires, antes da partida contra o Estudiantes, pela Libertadores. Rollo havia discutido com torcedores que foram ao local reclamar da falta de reforços. Não houve agressão, mas bate-boca.
A Justiça, no entanto, rejeitou a queixa-crime proposta pelo dirigente por ausência de justa causa, já que não entendeu que a honra da vítima tivesse sido maculada. Além disso, a juíza Renata Gusmão destacou que Rollo não negou ter destratado torcedores.
Nos processos seguintes, Rollo acionou um santista por ter sido chamado de "babaca e incompetente", também no Facebook. Um terceiro foi processado por ter proferidos outros xingamentos.
Há ainda um caso em que o dirigente apresentou queixa-crime ao Ministério Público por ter sido chamado de "vice decorativo". A ação foi prontamente rejeitada pela Procuradoria, que não viu qualquer injúria e classificou a declaração apenas como uma crítica.
Em junho, o dirigente foi à Justiça após ouvir áudio de torcedor no WhatsApp dizendo ele "não tem credibilidade, nem falar sabe direito, é um policial civil que quase foi expulso e exonerado do cargo".
Os últimos processos são de agosto. Em um deles, processou torcedor que disse que "os ratos estão pulando fora do barco", frase na qual entendeu haver referência a ele. Outros dois santistas foram acionados no mesmo mês por outras ofensas ao vice-presidente.
"Sou nascido em Santos, tenho o privilégio de ser dirigente do clube que amo e ando pelas ruas sempre de cabeça erguida, não posso permitir inverdades e insultos", disse Rollo à reportagem, explicando o motivo de ter movido as ações.
"Além disso existem pessoas que vão pra internet e ameaçam a minha família, sou obrigado a tomar providências judiciais. Se o caminho é a Justiça, é esse caminho que sou obrigado a tomar para me defender", completou.
A pecha de encrenqueiro sempre acompanhou a trajetória de Rollo, que é conselheiro do clube há duas décadas.
Em 1995, integrantes da Torcida Jovem, homenageada por Rollo com uma tatuagem no peito, vendiam lugares em caravana para Limeira e trocaram insultos com um são-paulino que passou pelo local. O rival deu um tiro à queima-roupa em um dos líderes da organizada. Era Orlando Rollo, que deu sorte. A bala acabou amortecida por um dos dentes incisivos e se alojou no pescoço. Ele sobreviveu.
Seis anos depois, ele foi um dos líderes de uma invasão ao CT do clube, depois de o Santos ser eliminado na semifinal do Paulista pelo Corinthians. Um segurança foi agredido com chutes. Hoje, o vice diz se arrepender do episódio.
Na época em que estudava direito na faculdade Santa Cecília, trocou ofensas com Marcelo Teixeira -um dos donos da instituição e ex-presidente do clube, que hoje comanda o conselho deliberativo.
Irritado, Rollo foi para cima de Marcelo Teixeira, 14 anos mais velho que ele, que teve de se esconder.Depois da faculdade, passou no concurso para investigador de polícia civil, função que ainda exerce. À Justiça, em petição do dia 30 de julho deste ano, afirmava que recebe salário de R$ 2.986,12.
Especialista no estatuto Santos, Rollo não mede esforços para provar suas afirmações. Já fez levantamento consultando todas as atas de reuniões do clube publicadas no jornal A Tribuna para provar que existiam membros efetivos no conselho do clube que não tinham cumprido o número de mandatos determinados pelo estatuto para serem efetivados.
Em 2008, ele engrossou contra a diretoria pela decisão de vestir a equipe com um uniforme azul, alusivo aos primeiros anos do Santos. Tentou por vias judiciais impedir a utilização da camisa, já que o estatuto não previa essa cor como oficial. Não conseguiu.
Teve sua primeira chance de chegar ao comando do clube em 2014, quando concorreu à presidência. Na ocasião, denunciou sócios fantasmas com nomes bizarros, como Al Capone e Ronald McDonald.
Depois, o grupo político do próprio Rollo foi acusado de ser responsável pela criação dos associados fictícios para provar que o sistema era falho. O dirigente nega.
Se aproximou do atual José Carlos Peres no fim de 2017, para formar a chapa que tirou Modesto Roma Júnior da presidência, mas rompeu com o antigo aliado pouco depois, em março, por desacordos na forma de gerir o clube.
Peres é acusado de ter ligação com empresas de agenciamento de jogadores, o que vai contra o estatuto do clube. O conselho aprovou o impeachment do presidente, que será votado pelos sócios.
ORLANDO ROLLO, 40
Vice-presidente do Santos, eleito em dezembro ao lado de José Carlos Peres, é conselheiro desde 1997 e sócio do clube há 25 anos. Em 2014, foi vice-presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol) para a Baixada Santista. No mesmo ano, se candidatou à presidência do Santos, mas ficou em terceiro lugar na disputa que teve Modesto Roma Júnior como presidente. É advogado especializado em gestão de segurança pública e investigador de polícia civil. Foi um dos fundadores da Torcida Jovem na Baixada Santista.