• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, sábado 24 de maio de 2025

O conflito de gerações na era digital: Quando o senhor virou você, e o lar perdeu importância na vida dos meninos

Na vida em comum, por incrível que pareça, crianças, ainda com ‘leite nos lábios’, já empunham os seus smartphones como espadas digitais...


Arimar Souza de Sá

Publicada em: 24/05/2025 10:45:08 - Atualizado

Foto: Divulgação

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA - O conflito de gerações na era digital: Quando o senhor virou você, e o lar perdeu importância na vida dos meninos

Arimar Souza de Sá

Os tempos mudam, ou os homens mudam os tempos! Mudamos de lugar ou o respeito aos pais se perdeu n’algum lugar! O certo é, que hoje vivemos tempos em que a guerra geracional já se inicia no berço.

Na vida em comum, por incrível que pareça, crianças, ainda com ‘leite nos lábios’, já empunham os seus smartphones como espadas digitais na cara dos seus ‘velhos’, debatendo nas redes sociais temas que outrora fariam corar os mais rodados na dureza da vida.

Em decorrência, a infância, esse jardim onde antes floresciam inocência e fantasia, vem sendo ceifada prematuramente por uma modernidade implacável, que impõe uma ‘maturidade artificial’, marcada por conflitos intensos no seio da família e, em alguns lares, criando verdadeiros monstros cibernéticos, os chamados filhos da modernidade.

E o que antes era uma relação hierárquica sadia — em que o pai ditava as regras como um velho carvalho firme no centro do lar — foi substituída por um novo paradigma: a ausência de diálogo permitiu que as vozes dos filhos se erguessem como trovões de irreverência e esse desarranjo pariu frases sem cerimônia em casa: Pai “você é mesmo um dinossauro”, “tá bugado”, “deixa de ser burro pai”, “não sei como você venceu na vida” e até “vai procurar tua turma!” ¨ - ressoam como flechas afiadas, lançadas contra os pilares da autoridade e do afeto no lar.

Hoje, os filhos não largam o celular — nem mesmo durante as refeições, que antes eram como pequenas cerimônias de união à volta da mesa. Agora, com o prato na sua frente, cada um mergulha na sua ilha digital, cercado por mares de distrações, enquanto o diálogo, esse barco outrora seguro, afunda lentamente no silêncio de casa.

Ora, no passado, não muito distante, os meninos não entravam nas conversas dos adultos e tratavam os mais velhos por “senhor”, com a reverência que se tem por uma biblioteca viva de trabalho, experiência e luta. Hoje, o tratamento é “você”, seco e horizontal, usado de filho para pai como se fossem dois passageiros apressados num mesmo comboio, cada um absorto em seu quadrado e vida que segue.

A figura do pai — o patriarca — brilhava no lar como um farol em noite de tempestade. Era o conselheiro, o guia, o esteio moral. Hoje, é muitas vezes visto como uma lâmpada fundida, relegado a um canto da casa e do coração dos meninos. Chegamos ao ponto em que filhos já não tomam sequer a bênção dos pais — um gesto simbólico que era uma espécie de beijo no altar da experiência e da luta para sustento da casa. Pior ainda: há casos em que filhos, cegos pela sombra do egoísmo, solapam sua aposentadoria, outros tiram a vida dos próprios pais ou os descartam em lares como móveis velhos, esquecendo-se de que estes dedicaram toda uma vida a criá-los com amor e sacrifício.

Estamos talvez perante o maior choque geracional desde o século XX. Já não há fronteiras nítidas entre o humano e o “monstro cibernético” que habita os lares, operando sob o comando de um novo chefe invisível: a Internet.

Plataformas como Facebook e Instagram, TikTok ou jogos, quais sereias digitais, seduzem os jovens para longe da vida real, apagando a voz dos pais com seus cantos e olhares de reprovação do passado, tão encantadores e de comando.

Neste cenário, surgem outras ameaças — a prostituição precoce, o consumo de drogas, o desrespeito absoluto pelos mais velhos, tratados como lixo descartável à beira da estrada da modernidade.

Inexoravelmente, vemos uma juventude que já não caminha, mas desliza por telas, hipnotizada por lições vazias, sem mapa, sem bússola, sem um norte e com um linguajar horroroso no qual a palavra tipo, tipo, tipo, é repetida 500 vezes na mesma frase...

É hora pois, de remontar o tempo, de acender novamente a lareira do lar, de recuperar a reverência aos pais, de reaprender o valor da escuta, da palavra partilhada e do olhar atento. É urgente uma nova peregrinação interior, uma travessia espiritual que devolva humanidade às casas antes que o convívio familiar derreta, como vela ao sol, sob as luzes hipnotizantes dos celulares e dos jogos eletrônicos.

Se não for assim, penso que não será! Os nossos jovens, qual comboio sem maquinista, seguirão em alta velocidade rumo ao abismo moral e ao confronto com as armadilhas da vida.

Afinal, quando se fecha o coração aos conselhos e as vozes ternas daqueles que primeiros nos amaram, corre-se o risco de caminhar por vielas cegas.

Que saibamos então, enquanto é tempo, ouvir os papais, que precisam se impor, acolher e refletir, pois ainda há luz no caminho para quem escolhe escutar.

Como é sabido, o tempo não perdoa o próprio tempo, passa, e os corações cansados não mais voltarão a pulsar como antes. E aí, babau!

É TEMPO DE REFLEXÃO!

AMÉM!


Fale conosco
`) $(text.find("p")[3]).addClass('container-box') } if (textParagraphSize >= 5) { $(text.find("p")[5]).after(`
`) $(text.find("p")[6]).addClass('container-box') } if (textParagraphSize >= 8) { $(text.find("p")[8]).after(`