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porto velho, segunda-feira 8 de dezembro de 2025

Eu preciso confessar: ao ouvir essa música do grupo Reflexão. Dizem que essa música é de um rondoniense. Senti como se cada verso abrisse uma fresta dentro dos corações amargurados e desesperançoso com o amor.
Há canções que não apenas tocam , elas rasgam, iluminam, revelam e esta, com sua melancolia sublime, me fez refletir profundamente sobre a genialidade de quem consegue transformar dor, amor e morte em pura poesia.
“Eu já não sei mais
Por que vivo a sofrer,
Pois eu nada fiz
Para merecer.”
Assim se inicia o lamento que carrega o peso de tantas vidas. Esses versos não pertencem a uma única pessoa, eles representam todos aqueles que, um dia, tentaram amar e encontraram apenas silêncio.
A música converte o sofrimento comum em arte, como se desse voz ao coração humano em sua forma mais vulnerável.
“Te dei carinho, amor,
Em troca ganhei ingratidão.
Não sei porquê, mas acho
Que é falta de compreensão.”
Nesse trecho, expõe-se a ferida universal, a entrega que não retorna, o afeto que se perde no vazio,a poesia revela o eterno paradoxo do amor oferecer tudo e receber tão pouco é a tragédia mais antiga da humanidade, reinterpretada com sensibilidade quase divina.
“Você me tem como réu,
O culpado e o ladrão
Por tentar ganhar seu coração.”
Aqui surge a imagem da injustiça emocional do amante transformado em réu por ousar sentir o compositor captura esse drama com delicadeza impressionante, traduzindo em melodia a dor de ser acusado pelo simples ato de amar.
“Todo mundo erra sempre,
Todo mundo vai errar.
Não sei porquê, meu Deus,
Sozinho eu vivo a penar.”
A solidão se instala como personagem principal, não é apenas tristeza, é constatação da condição humana. A música reflete sobre o erro, a falta, o fardo de existir e faz isso com uma beleza que só a arte é capaz de suportar.
“Vou me embora agora...
Vou embora pra outro planeta,
Na velocidade da luz,
Ou quem sabe de um cometa.”
Neste momento, o sentimento se desprende da terra, a fuga deixa de ser humana e se torna cósmica, é como se o coração dissesse: já não pertenço ao mundo que me negou o amor. A metáfora do planeta desconhecido é o grito silencioso daqueles que desejam desaparecer apenas para não doer tanto.
“Eu vou solitário e frio
Onde a morte me aqueça.”
Aqui reside a maior genialidade da composição, a inversão dos sentidos a morte, tradicionalmente gelada, torna-se calor e acolhimento. Não é apologia ao fim, mas uma metáfora de descanso, o calor da morte é o alívio simbólico da exaustão do amor não correspondido.
“Talvez assim, de uma vez,
Para sempre eu lhe esqueça.”
O verso final é um suspiro não de desistência, mas de libertação impossível, esquecer, para quem ama, é tarefa mais árdua que qualquer viagem interestelar, e justamente por isso a música permanece viva, porque traduz essa luta silenciosa que tantos travam dentro de si.
A crônica da canção transforma o impossível em poesia e consegue a proeza de falar de morte, de amor e de suicídio , com uma beleza que desalinha a alma, expõe o conflito entre existir e sentir, entre amar e sobreviver, entre querer ficar e precisar partir.
O amor, mostrado na música, é sublime e cruel. É eterno para quem insiste em vivê-lo, mesmo quando se torna uma ferida aberta, a música revela que a morte, na verdade, não é o fim é apenas o descanso imaginário de quem já não encontra lugar no coração alheio.
E é nessa verdade amarga, profunda e encantadora
que a obra se torna imortal.
E tenho dito