BRASIL- Os membros da facção criminosa GDE (Guardiões do Estado) controlam a Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto, no Complexo Penitenciário Itaitinga II, no Ceará. A denúncia é do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado.

Em algumas alas, os grupos controlam o horário e os locais em que os agentes penitenciários podem entrar ou passar. Em uma das alas, há até uma pichação que adverte a restrição de horário.

O complexo prisional abriga em sua maioria presos provisórios. São 815 dos 1.043 detentos da unidade, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça.

De acordo com o presidente do sindicato, Valdomiro Barbosa, a circulação dos agentes está restrita às grades que dividem os pavilhões e eles não podem entrar nas celas para fazer inspeções a qualquer hora, caso contrário, correm risco de vida.

"São 8 agentes para mais de mil presos, só isto, já é impossível de controlar qualquer ação dos detentos", reclama Valdomiro, afirmando ainda que a situação é similar em quase todas as penitenciárias do estado, com número insuficiente de agentes.

"Nós vamos no máximo até as grades que dividem o pavilhão, passar dali é perigoso. Só fazemos quando eles [os presos] concordam", afirma. Valdomiro diz ainda que mesmo as câmeras de segurança, que poderiam ajudar nesta situação, foram destruídas.

"A PM apreende 900 pessoas todo mês, o cara vem para um lugar como este, em que as facções mandam e, se não pertence a alguma, vai ter que escolher uma", critica Valdomiro, relatando que avalia que o Governo do Ceará precisa dar mais atenção para a questão penitenciária, além do trabalho de policiamento ostensivo, que, segundo o sindicalista, funciona bem.

Procurada, a Secretaria da Justiça e da Cidadania do Ceará informou que o Estado possui 2.160 agentes penitenciários e que fará um concurso para a contratação de mil novos agentes até o próximo mês de maio.

Sobre a situação na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodaldo Pinto, a pasta informou que, na unidade, "estão lotados 27 agentes penitenciários por dia, além de quatro agentes designados por meio de esforço operacional, totalizando 31 plantonistas que se dividem entre a custódia dos internos, a guarda das muralhas e eventuais custódias de internos em hospitais".