Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 12 de julho de 2025
BRASIL: Neste domingo (21), Tainá Gomes dos Santos, de 21 anos, vai almoçar mais cedo, depois vai pegar a mochila, sairá de sua casa no Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e seguirá, de ônibus, rumo à sua quarta tentativa de ingresso em uma universidade pública.
Ela está entre os 3,1 milhões de inscritos confirmados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, menor número desde 2005.
O site vem acompanhando Tainá desde o ano passado. Antes da pandemia, ela estudava em um cursinho popular na própria comunidade em que mora. Depois, vieram as aulas on-line por causa da Covid-19. Ela era obrigada a dividir o computador com os irmãos, o que afetou sua concentração, mas não sua força de vontade.
“No último Enem, eu fiquei na lista de espera da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em 14° lugar e em 4° lugar na UFLA (Universidade Federal de Lavras). Infelizmente não consegui entrar, mas este ano irei tentar novamente”, disse a jovem que vai prestar para pedagogia e ciências biológicas.
Neste ano, Tainá enfrentou problemas para conseguir engrenar nos estudos. Desempregada, ela teve que se virar para ajudar em casa. Fazia pequenos serviços como autônoma e acabava por não ter horário fixo, o que dificultou na hora de tentar entrar em um cursinho popular.
“Eu comecei a estudar por conta própria. Este ano foi bem mais complicado. Aí, depois de um tempo, tive que procurar uma ajuda psicológica”, contou Tainá que passou a sofrer com crises de ansiedade.
O professor Bruno de Araújo Rangel, que coordena um dos cursinhos populares do Morro do Papagaio, disse que problemas como o enfrentado pela jovem, se tornaram comuns, o que vem provocando o esvaziamento das salas de aula.