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porto velho, terça-feira 15 de julho de 2025
AGENCIA ESTADO - O garimpo ilegal está contaminando com altos índices de mercúrio as águas do rio Madeira, um dos principais da Amazônia, e pondo em risco a saúde da população que vive às margens do curso d'água.
A conclusão está em um estudo inédito realizado pelo Setor Técnico Científico da Polícia Federal, que coletou amostras de água, sedimentos, fauna e flora, além de fios de cabelo de ribeirinhos.
Os resultados revelam que o teor de mercúrio encontrado na água supera de 16 a 95 vezes, dependendo da amostra, os limites estabelecidos pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). Em duas amostras de sedimentos colhidos pela perícia, foram identificados valores máximos de 47 a 120 vezes acima dos limites.
Já no corpo de cada um de seis ribeirinhos que tiveram fios de cabelo coletados foram confirmadas concentrações de mercúrio acima dos limites considerados admissíveis pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Uma das amostras apontou volume três vezes superior ao máximo indicado.
Extremamente nocivo à saúde, o mercúrio é utilizado no processo de separação do ouro de outros sedimentos que são sugados do fundo do rio com o uso de dragas.
A inalação do gás emitido pelo mercúrio ou o consumo de água e peixes contaminados com o produto podem causar distúrbios graves, como problemas neurológicos e insuficiência renal.
A coleta das amostras foi realizada pelos agentes da Polícia Federal durante a Operação Uiara, que destruiu 131 dragas de garimpo ilegal entre os dias 27 e 29 de novembro.
O superintendente da PF no Amazonas, Leandro Almada, disse que os dados confirmam a gravidade das atividades clandestinas. "Os resultados desse primeiro laudo nos determinam a continuidade em 2022 das operações no Madeira e a sua extensão a outros locais de garimpo ilegal no Amazonas, como os rios Jutaí, Japurá e afluentes."