Fundado em 11/10/2001
porto velho, quarta-feira 28 de maio de 2025
MUNDO: O juiz de Direito Alexandre Abraão Dias Teixeira fez um diagnóstico contundente da segurança pública no Rio de Janeiro durante palestra recente. Com mais de 700 sessões no Tribunal do Júri ao longo de três décadas de atuação, em evento na Escola Superior de Advocacia ocorrido em 21 de maio, o magistrado afirmou que o estado vive uma tragédia continuada e que apenas um choque institucional poderia provocar uma mudança real.
“Vocês precisam de um 11 de setembro de vocês”, disse a ele um amigo policial norte-americano, relembrou o magistrado. Segundo conta, após os ataques de 2001, os americanos entenderam que foi a falha na comunicação entre agências que permitiu a tragédia: “Depois do 11 de setembro, 963 agências americanas se integraram… começaram a perceber que todas as tragédias que estavam acontecendo nos Estados Unidos estavam acontecendo por causa de vaidade das agências.
O FBI não falava com a CIA, que não falava com a TF, que discriminava o DEA, que não falava com a polícia local, que não falava com o bombeiro…”.
O juiz afirmou que levou essa lição para sua atuação no sistema de justiça. “Eu levei aquilo para mim… talvez nós precisássemos desse 11 de setembro, mas nesse conta-gotas nós não vamos.”
Alexandre Abraão fez uma retrospectiva da degradação da segurança pública no estado e destacou que a violência foi naturalizada. “O Rio de Janeiro é o amplificador de tudo de ruim que acontece no país… Tivemos a primeira facção criminosa, tivemos o primeiro fuzil. Hoje o fuzil integra a imagem do Rio de Janeiro… e o pior de tudo é que nós nos acostumamos com o que é ruim.”
O magistrado relatou que o armamento pesado virou elemento comum até no imaginário turístico: “Você fala do Rio de Janeiro para todo mundo: é o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, Copacabana… e o fuzil.”
O juiz revelou um avanço muito preocupante nas táticas do crime organizado: o uso de drones para lançar granadas sobre equipes de policiais. “Estão quebrando a garrafa de Heineken pela metade, colocam a granada, tiram o pino e deixam a manete, prendem no drone… o drone vai, chega em cima do local que eles querem, eles largam a garrafa, cai, quebra, a granada tá sem o pino, e detona, e mata. Ataque aéreo de drone… e eles estão aprimorando isso.”