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porto velho, quinta-feira 20 de novembro de 2025

MUNDO: Em meio ao aumento da tensão com os Estados Unidos, a TV estatal da Venezuela usa o "Super Bigode", alter ego em desenho animado do ditador Nicolás Maduro, como parte da campanha de propaganda do país contra a operação americana no Caribe.
O "Super Bigode", é transmitido na TV estatal venezuelana desde 2021, é apenas uma parte da propaganda do país enquanto navios de guerra americanos se concentram próximos à costa venezuelana e o presidente dos EUA, Donald Trump, cogita enviar tropas para depor Maduro.
Em um episódio de setembro do "Super Bigode", exibido logo após Trump iniciar sua campanha de ataques aéreos contra supostos barcos de drogas na costa venezuelana, o super-herói animado trocou seu traje habitual por um uniforme militar, empunhando uma espada embainhada e declarando que a Venezuela não tem uma "cultura bélica".
No entanto, apesar do novo visual do Super Bigode, o regime venezuelano tem enviado mensagens contraditórias desde o aumento das tensões com os EUA, simultaneamente instando os cidadãos a se prepararem para ação enquanto insiste que tudo está bem.
A dissonância entre a gravidade da crise no Caribe e a comunicação do regime é visível nas ruas de Caracas. Diferentemente de campanhas nacionais anteriores, as equipes da CNN na Venezuela não observaram outdoors, faixas, murais ou grafites na capital nacional pedindo apoio à postura de guerra do regime, mesmo em bairros considerados redutos do governo.
Maduro, que antes de agosto era mais comumente visto em espaços fechados, tem feito discursos e aparições públicas quase diariamente desde que as tensões com os Estados Unidos começaram a aumentar, frequentemente cercado por um significativo aparato de segurança, segundo o pesquisador e jornalista venezuelano Andrés Cañizález.
Maduro não assumiu a tarefa de projetar o poderio militar venezuelano diante das ameaças de Trump. Em vez disso, tem se retratado como um pacificador, chegando até a cantar "Imagine" de John Lennon em um evento público, instando Trump a se sentar à mesa para conversas cara a cara.
Ao circular entre a multidão em um comício em 13 de novembro, Maduro disse à CNN, através do repórter Stefano Pozzebon, que os EUA deveriam se unir à Venezuela pela paz nas Américas.
Cañizález acredita que a estratégia de comunicação do governo Maduro passou por diferentes estágios: inicialmente, as tensões com os EUA foram minimizadas, mas conforme a presença militar americana no Caribe aumentou, o discurso mudou "para um tom mais ameaçador e retaliatório."