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Coletes Amarelos protestam contra doações a Notre-Dame

Mais de cem pessoas foram detidas e mantidas sob custódia após confrontos com a polícia


O Globo e agências internacionais

Publicada em: 24/04/2019 12:04:37 - Atualizado

PARIS — Dezenas de manifestantes entraram em confronto com policiais em Paris neste sábado, no 23º protesto dos coletes amarelos , que dessa vez também têm como alvo as doações milionárias para a reconstrução daCatedral de Notre-Dame.

De acordo com dados preliminares da Promotoria de Paris, 110 pessoas foram presas e colocadas sob custódia. Várias estações de metrô da capital francesa foram fechadas e cerca de 60 mil policiais foram mobilizados em toda a França.

Segundo o Ministério do Interior francês, os protestos deste sábado reúnem cerca de 9,6 mil manifestantes por todo país, dos quais 6,7 mil em Paris. O total supera os 7,5 mil registrados na semana passada, mas representa apenas uma pequena fração dos 282 mil que foram às ruas em 17 de novembro passado, primeiro sábado dos protestos dos coletes amarelos.

Os manifestantes aludiram claramente ao incêndio catastrófico na Catedral, que provocou uma onda de tristeza nacional e uma corrida de famílias e empresas para prometer cerca de 1 bilhão de euros (R$ 4,4 bilhões) para sua reconstrução. “Milhões para Notre-Dame, e para nós, os pobres?”, diziam vários cartazes. "Tudo para Notre-Dame, nada para os miseráveis", anunciavam outros.  

A polícia impôs uma proibição de manifestações para a ilha fluvial Île de la Cité, onde se encontra a igreja, e para a margem esquerda adjacente do Sena. Por razões de segurança e para proteger o local, nenhum protesto deveria ocorrer dentro das barreiras de segurança.

Dezenas de manifestantes de gorros pretos atiraram pedras na polícia e alguns atearam fogo em motos  e latas de lixo no Centro da cidade. A polícia respondeu disparando gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Alguns policiais também marcharam em direção aos manifestantes para encaminhá-los para a Place de la Republique, onde foram autorizados a se manifestar.

A cidade está em estado de alerta após Christophe Castaner, ministro do Interior, dizer que os serviços de inteligência o informaram de um potencial retorno de desordeiros com intenção de causar estragos em Paris, Toulouse, Montpellier e Bordeaux, em uma repetição dos violentos protestos de 16 de março.

Os protestos dos coletes amarelos começaram em meados de novembro, originalmente devido ao aumento dos preços dos combustíveis e ao alto custo de vida, mas se transformaram em um movimento mais amplo contra o presidente Emmanuel Macron e sua busca por reformas econômicas.

O líder francês planejava revelar na segunda-feira políticas para acabar com o movimento, antes que o incêndio em Notre-Dame o obrigasse a cancelar o discurso. Ele agora deve fazer seus anúncios nessa quinta-feira (25).


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