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porto velho, segunda-feira 30 de dezembro de 2024
Um conflito religioso entre a maioria hindu e a minoria muçulmana na região de Nova Déli entrou em seu quarto dia nesta quarta-feira (26), deixando um rastro de destruição na capital da Índia e, ao menos, 22 mortos segundo os serviços de saúde locais.
A situação fez o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, um nacionalista hindu, pedir calma aos dois lados. "A paz e a harmonia são fundamentais para nosso espírito. Faço um apelo a meus irmãos e irmãs de Déli para que mantenham a paz e a fraternidade a todo momento", afirmou ele em uma mensagem divulgada em uma rede social.
"É importante que exista calma e que a normalidade seja restabelecida o mais rápido possível", acrescentou o premiê, que é acusado de favorecer a população hindu (que forma cerca de 80% da população) e descriminar os muçulmanos (14%).
O confronto, que se concentra na periferia leste da capital, tem como pano de fundo a aprovação de uma polêmica lei de cidadania que foi apoiada pelo próprio Modi.
A norma, aprovada pelo Parlamento em dezembro, determina que hindus e cristãos vindos de países vizinhos que se estabeleceram na Índia antes de 2015 poderão pleitear cidadania por enfrentarem perseguição nos seus lugares de origem.
A regra porém, não vale para muçulmanos, o que despertou críticas contra o governo. Desde sua aprovação, muçulmanos tem ido às ruas do país para protestar contra a nova lei, mas até a atual onda de confrontos, os atos tinham sido majoritariamente pacíficos.
A situação começou a mudar no último domingo (23), quando grupos de muçulmanos e hindus começaram a arremessar pedras um no outro, de acordo com o jornal americano The New York Times.
Os confrontos começaram um dia antes do início da visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao país -ele e Modi são aliados.
Desde então, os confrontos cresceram na capital e mais de 200 pessoas ficaram feridas. Segundo o britânico The Guardian, grupos formados por centenas de hindus tem usado paus, pedras e armas de fogo para atacar os muçulmanos e chegaram a botar fogo em duas mesquita.
Muçulmanos afirmaram ainda ao New York Times que a polícia não tem impedido os ataques.
Segundo as autoridades de saúde, a maioria dos mortos foi baleada e há tanto muçulmanos quanto hindus entre as vítimas.