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Em meio ao calor recorde, dezenas de corpos são encontrados na fronteira desértica entre EUA e México

Organização humanitária alerta para número crescente de imigrantes mortos no deserto do Arizona em período de alta inclemente dos termômetros


umsoplaneta

Publicada em: 15/07/2021 15:11:40 - Atualizado

MUNDO: Historicamente, cruzar a fronteira do México com o estado do Arizona, nos Estados Unidos, sempre foi uma investida perigosa dada a ilegalidade da prática. Mas em tempos de mudanças climáticas, os imigrantes que tentam uma vida nova ficam ainda mais expostos diante da inclemência do termômetro.

Nesta semana, foram recuperados os corpos de 43 pessoas que morreram enquanto tentavam cruzar a fronteira entre os dois países. Segundo a ONG humanitária Humane Borders, a maior parte das mortes ocorreu no mês de junho, que registrou temperaturas de até 43 graus Celsius, um recorde na série histórica para o mês na região.

Há o temor de que 2021 registre um número recorde de mortes de imigrantes na travessia. Autoridades locais relataram ter encontrado os restos mortais de 127 pessoas no primeiro semestre do ano, ante 96 mortes registradas no mesmo período de 2020.

"O deserto é vasto e traiçoeiro. Quando se atravessa ilegalmente, existe um perigo enorme. E a estação quente está apenas começando", disse o chefe da patrulha de fronteira dos EUA, Chris Clem, a jornalistas.

Vários grupos de ajuda humanitária, como os "Samaritanos de Tucson", a "Humane Borders" e os "No More Deaths", têm deixado garrafas de água e suplementos alimentares nas zonas remotas do deserto do Arizona na esperança de salvar vidas.

Nesta região, já foram documentadas mais de 3400 mortes desde os anos 2000. Estima-se que o corpo de uma pessoa perde cerca de três litros de água na travessia inóspita, que pode demorar três dias ou mais.

A onda de calor sem precedentes tem castigado outras partes dos Estados Unidos e causado incêndios florestais e crise de abastecimento de água. No dia 9 de julho, o Vale da Morte, na Califórnia, registrou 54,4 ° C, mesmo valor registrado em agosto de 2020.

Essa é a maior temperatura registrada em 100 anos nos Estados Unidos, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS). Alguns meteorologistas argumentam que também é a temperatura mais alta já catalogada na Terra, segundo registros confiáveis.

Enquanto a América do Norte arde num calor sem precedentes, a América do Sul congela numa massa de ar frio com força para cobrir a Amazônia e literalmente romper o inverno e invadir o verão, ao ultrapassar a linha do Equador. É o rosto de um planeta desfigurado pelo desequilíbrio no clima.


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