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porto velho, sábado 18 de janeiro de 2025
MUNDO - O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou o Departamento de Justiça americano no fim do ano passado a declarar que a eleição foi "corrupta", embora não houvessem casos de fraude generalizada, revelou nesta sexta-feira (30) o jornal "The New York Times".
A intenção de Trump era usar a afirmação para, junto aos seus aliados no Congresso, tentar reverter a derrota sofrida para o atual presidente americano, Joe Biden. O jornal diz ter publicado a informação com base em documentos fornecidos a parlamentares e obtidos pela repórter Katie Benner.
O Departamento de Justiça entregou documentos ao Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara, que está investigando os esforços do governo Trump para reverter ilegalmente o resultado da eleição.
Durante um telefonema em 27 de dezembro de 2020, Trump teria pressionado o então procurador-geral interino, Jeffrey A. Rosen, e seu vice, Richard P. Donoghue, sobre as alegações de fraude eleitoral que o departamento havia refutado.
Nos EUA, o procurador-geral tem atribuições equivalentes a dos cargos de ministro da Justiça e de procurador-geral da República no Brasil.
Segundo o jornal, Donoghue advertiu que o Departamento de Justiça não tinha poder para alterar o resultado da eleição. Trump respondeu que não esperava isso, de acordo com notas que o vice-procurador-geral fez para lembrar a conversa, mas afirmou:
"Basta dizer que a eleição foi corrupta e deixar o resto para mim e para os congressistas do R", escreveu o vice-procurador-geral ao resumir a resposta de Trump. R seria uma abreviação de Partido Republicano.
Semanas antes, o então procurador-geral americano, William Barr, havia dito que o Departamento de Justiça não tinha encontrado nenhuma evidência de fraude na eleição.
Barr afirmou que "investigações feitas por procuradores federais e agentes do FBI não encontraram evidências de fraude eleitoral generalizada que pudessem mudar o resultado da eleição".
Barr renunciou dias após a declaração e antes do telefonema de Trump. Ele deixou em seu lugar Jeffrey Rosen, que ocupou o cargo interinamente até o fim do governo, em 20 de janeiro deste ano — inclusive durante a invasão de apoiadores de Trump ao Capitólio.