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    porto velho, quarta-feira 5 de fevereiro de 2025

Cemitério russo abriga mortos do exército de mercenários do Grupo Wagner

Um terreno à beira de uma pequena comunidade agrícola no sul da Rússia serve como cemitério para os condenados que foram recrutados


cnn

Publicada em: 01/02/2023 10:41:32 - Atualizado

MUNDO: Em meados de agosto passado, no final do verão no Hemisfério Norte, um terreno à beira de uma pequena comunidade agrícola no sul da Rússia começou a ser preenchido com dezenas de covas recém-escavadas. Nelas, foram enterrados combatentes mortos na Ucrânia.

Os túmulos foram adornados com simples cruzes de madeira e coroas de flores coloridas que ostentavam a insígnia do Grupo Wagner, um exército privado temido e secreto da Rússia.

Cerca de 200 sepulturas foram vistas no local, nos arredores da aldeia de Bakinskaya, na região de Krasnodar, quando a Reuters o visitou no final de janeiro. A agência de notícias verificou que os nomes de pelo menos 39 mortos aqui e em três outros cemitérios próximos batem com registros de tribunais russos, bancos de dados disponíveis publicamente e contas de mídia social. A Reuters também falou com familiares, amigos e advogados de alguns dos mortos.

Muitos dos homens enterrados em Bakinskaya eram presos condenados que foram recrutados pelo Wagner no ano passado depois que o fundador do grupo, Yevgeny Prigozhin, prometeu o perdão aos que sobrevivessem seis meses no front.

O grupo incluía matadores de aluguel, assassinos, criminosos com longa ficha e pessoas com problemas de alcoolismo.

Durante meses, o Grupo Wagner ficou sufocado numa sangrenta batalha para tomar as cidades de Bakhmut e Soledar, na região leste de Donetsk. Autoridades ocidentais e ucranianas disseram que ele está usando condenados como bucha de canhão para sobrecarregar as defesas da Ucrânia.

Há poucas semanas, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca John Kirby denominou o grupo de “uma organização criminosa que está cometendo atrocidades generalizadas e abusos dos direitos humanos”. Em uma breve resposta aberta ao governo dos EUA, Prigozhin pediu a Kirby: “por favor, esclareça qual crime foi cometido” pelo Wagner.

Vídeos e fotografias dos túmulos apareceram pela primeira vez em canais de mídia social na região de Krasnodar em dezembro. A Reuters geolocalizou essas imagens no cemitério de Bakinskaya e revisou imagens de satélite do site da Mazar Technologies e do Capella Space.

Imagens de satélite mostram que o cemitério do Wagner estava vazio no verão, tinha três fileiras de sepulturas até o final de novembro e estava com três quartos das covas preenchidas no início de janeiro. Praticamente todos os túmulos foram usados até 24 de janeiro.

O ativista local Vitaly Votanovsky, que tirou as primeiras fotos e documentou soldados mortos na Ucrânia e enterrados em cemitérios da região de Krasnodar, disse à Reuters que observou um caminhão entregando corpos no cemitério.

Ele disse que os coveiros lhe disseram que os corpos tinham vindo da cidade russa de Rostov-on-Don, perto da fronteira da Rússia com a região de Donetsk. Quando a Reuters visitou o cemitério em janeiro, cercas e câmeras de segurança estavam sendo instaladas no entorno – e outro enterro estava em andamento.

A agência de notícias estatal russa RIA Novosti publicou imagens no início de janeiro de Prigozhin visitando o cemitério, fazendo o sinal da cruz e colocando flores em uma sepultura. Ele disse à mídia local que os homens ali enterrados haviam expressado o desejo de serem sepultados dentro de uma capela do Grupo Wagner perto da cidade vizinha de Goryachiy Klyuch, em vez de ter seus corpos devolvidos aos parentes.

As covas de Bakinskaya foram fornecidas pelas autoridades locais, disse ele, depois que a capela ficou sem espaço. Em 2019, a Reuters revelou a existência de um campo de treinamento do Wagner na aldeia de Molkino, a cerca de 9 km de Bakinskaya.


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