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porto velho, sexta-feira 19 de setembro de 2025
BRASIL -O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (27) que, se a economia brasileira continuar desacelerando em razão dos juros altos, haverá "problemas fiscais", ou seja, nas contas públicas, por conta do impacto do menor nível de atividade na arrecadação federal.
Haddad deu a declaração durante sessão no Senado sobre juros, inflação e crescimento econômico – da qual também participaram o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet.
"Não vejo a política fiscal, monetária e prudencial separadas umas das outras. Elas fazem parte da mesma engrenagem. Se a economia continuar desacelerando, por razões ligadas à política monetária [taxa de juros alta, fixada pelo Banco Central], vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada. Não tem como separar. Se desacelero a economia, vou ter impactos fiscais", afirmou Haddad.
Na sessão no Senado, Haddad se sentou ao lado de Roberto Campos Neto. Cabe ao Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), fixar a taxa básica de juros da economia (Selic), que, atualmente, está em 13,75% ao ano – maior patamar em seis anos.
"Se eu desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter impactos fiscais [nas contas públicas], e nós estamos tomando medidas inclusive difíceis de tomar, impopulares, sobretudo por causa do populismo praticado [nas eleições], que surrupiou quase R$ 40 bilhões dos estados no ano passado, mais R$ 60 bilhões de Receita Federal - no ano passado", acrescentou o ministro.
Os juros altos vêm sendo motivo de atritos entre o governo Lula e sua equipe econômica com o Banco Central – instituição que vem sendo criticada por governistas.
Durante pronunciamento na sessão, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Copom age de forma técnica para buscar o atingimento das metas de inflação.
O presidente do BC voltou a dizer que é importante combater a inflação, pois ela gera um "efeito perverso para os mais pobres", que estão menos protegidos do aumento de preços.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante sessão no Senado — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, por sua vez, declarou não ver contradição entre a posição do governo federal, que vem defendendo uma baixa da taxa de juros para estimular o crescimento econômico, e a postura do Banco Central de manter os juros mais altos para evitar a inflação.
Tebet acrescentou que o governo não discorda das decisões técnicas do Banco Central, mas avalia que a instituição precisa, também, ter foco nas políticas públicas e no impacto social das medidas.
No Senado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu ainda que o governo abra o que chamou de "caixa-preta" dos benefícios fiscais a fim de aumentar a arrecadação federal.