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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que houve falha por parte da segurança pública durante o 8 de janeiro.
“Houve uma imensa falha no serviço de inteligência, tanto da polícia quanto dos militares. Ou se não foi falha no serviço de inteligência, foi cumplicidade. O que seria pior ainda. Então houve falha no serviço de inteligência e houve falha das forças de segurança. A PM não estava na rua, nem chegou há tempo razoável. Nem o batalhão da presidencial. Ali houve uma mistura de omissão, incompetência e cumplicidade”, disse.
Para ele, o “golpismo foi sepultado”. No entanto, “o ódio ainda está presente na vida brasileira”. As declarações fazem parte de entrevista ao especial sobre atos do dia 8 de janeiro. A série de reportagens será exibida ao longo da próxima semana.
O presidente do STF também falou sobre o papel das Forças Armadas no processo que culminou nos movimentos do dia 8 de janeiro. “Na vida, uma instituição pode ser dramaticamente afetada por uma má liderança”, disse o ministro.
Para Barroso, houve um processo de politização das Forças Armadas, conforme ele, já desfeito.
“Acho que houve um processo indevido de politização, já desfeito, diga-se de passagem, mas houve um momento muito difícil. Eu mesmo como presidente do TSE prestigiei as Forças Armadas, porque é uma instituição prestigiada da sociedade brasileira. Convidei-os para participar da Comissão de Transparência para dar transparência e para que ajudassem na segurança, mas, por orientação do comandante, do chefe, eles na verdade ficaram levantando suspeitas de criando suspeitos. Um comportamento muito decepcionante. Fiquei verdadeiramente mal, porém a verdade é que depois eles tiveram que fazer um relatório e dizer: ‘não achamos nada’”, finalizou.
Barroso relembrou do momento em que chegou ao STF naquela noite. “O espetáculo era de tristeza profunda e muita indignação, mas a ministra Rosa [Weber] em pouco tempo produziu uma frase, ela disse: ‘nós vamos reconstruir isso [o plenário do Supremo]’ até 1º de fevereiro”.
O ministro contou que ninguém estava preparado para uma manifestação nas proporções que ocorreram. “Evidentemente foi um dos episódios mais tristes, eu diria da história do Brasil. E certamente o mais triste da história do Supremo, pelo menos do ponto de vista físico”, ressaltou.
O frequente ataque por parte de autoridades às instituições e o fanatismo nas redes sociais, de acordo com o ministro, teriam fomentado todo o movimento.
“Nós vivemos um período em que lideranças importantes do país atacavam regularmente as instituições e procuravam abalar a sua credibilidade. E ofendiam pessoalmente os seus integrantes. Então acho que isso foi uma parte do processo. A outra parte do processo foi a difusão do ódio. E aí as plataformas digitais, as redes sociais, tiveram um papel misto de campanhas de desinformação com discursos de ódio e frequentemente com mentiras para tirar a credibilidade das pessoas”, afirmou.
Questionado sobre a origem da radicalização, Barroso explicou que houve uma “captura do pensamento conservadorismo” por parte da extrema-direita.