BRASÍLIA (DF) - O recebimento de auxílio-moradia por deputados federais — já detentores de altos salários, verbas de gabinete e cotas parlamentares — vem sendo motivo de contestação de uma parcela da sociedade brasileira. O tema não é ilegal, pois está amparado em normas internas da Câmara dos Deputados, mas abre espaço para intensos debates de ordem ética e moral.

Entre os parlamentares da bancada de Rondônia em Brasília, o que mais chama atenção é o deputado Thiago Flores (MDB). Delegado de polícia, ex-prefeito e figura conhecida na política estadual, Flores está longe de ser um servidor em dificuldades financeiras que necessite retirar dinheiro dos cofres públicos para custear moradia.

Mesmo assim, apenas entre os meses de janeiro e julho deste ano, ele já embolsou R$ 28,4 mil em auxílio-moradia. A opção é ainda mais controversa porque a Câmara oferece apartamentos funcionais aos parlamentares — mas, em vez de ocupar um deles, Flores preferiu o benefício em dinheiro.

No mesmo período, ele também recebeu R$ 326,6 mil em verbas de gabinete, valores reembolsados mediante apresentação de notas fiscais.

O caso reforça a percepção de decepção entre eleitores que viam no parlamentar um nome ligado à renovação da política. Em vez disso, o deputado vai se consolidando como mais um exemplo de manutenção de práticas que a sociedade esperava ver superadas.

Vale lembrar que o Tribunal de Contas da União (TCU) já determinou em diferentes ocasiões que parlamentares devolvessem valores de auxílio-moradia recebidos de forma considerada indevida — especialmente quando acumulavam imóvel funcional ou outras vantagens. No caso de Thiago Flores, não há ilegalidade, mas o debate sobre moralidade e responsabilidade no uso do dinheiro público segue em aberto.

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