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porto velho, quarta-feira 3 de setembro de 2025
PORTO VELHO - RO - Rondônia já não é mais a terra de passagem e de aventura que atraiu milhares de pessoas em décadas anteriores. Se antes o estado se destacava por uma população flutuante — formada por migrantes que chegavam em busca de oportunidades e, depois, retornavam às suas cidades de origem — hoje o cenário é outro. Quem decidiu fincar raízes, permaneceu. Mas, ao contrário do esperado, esse movimento não garantiu ao estado o crescimento demográfico projetado.
De acordo com a última estimativa do IBGE, Rondônia registrou um acréscimo tímido: pouco mais de 5 mil habitantes nos últimos anos. O número está muito distante da euforia de tempos passados, quando as levas de migrantes empurravam para cima as estatísticas populacionais e alimentavam o imaginário de que o estado logo ultrapassaria os 2 milhões de habitantes.
Esse crescimento pífio traz reflexos diretos sobre os cofres municipais. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que distribui recursos de acordo com a população, acaba penalizando especialmente os pequenos e médios municípios rondonienses. A cada divulgação dos dados do IBGE, a chiadeira dos prefeitos se repete, acompanhada de um tom de frustração: sem população crescente, não há aumento expressivo nos repasses.
O que se vê é que Rondônia não apenas deixou de ser o destino dos aventureiros de outrora, como também enfrenta o deslocamento silencioso de seus próprios filhos para outros estados. Se o estado tivesse mantido os índices de crescimento da década passada, já teria alcançado com folga a marca dos 2 milhões de habitantes. Mas a realidade mostra outra face: a fixação de parte da população não foi suficiente para sustentar o ritmo, e o resultado é um crescimento demográfico quase estagnado.
Enquanto isso, a equação entre arrecadação, demanda social e repasses federais pressiona prefeitos e gestores públicos, que veem no recuo populacional um entrave adicional para a administração das cidades. Rondônia, que já foi o estado das chegadas e partidas, agora convive com o paradoxo da permanência sem crescimento.