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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
O G1 tentou ouvir assessores e também o advogado dos parlamentares, mas até esta publicação não obteve retorno.
Os dois deputados e mais seis pessoas foram presas preventivamente. Entre os presos está o diretor do Procon do Acre e filho de Juliana, Diego Rodrigues também Yargo Rodrigues, também filho da deputada. Eles devem responder por crimes de peculato, associação criminosa, compra de votos e lavagem de dinheiro.
Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em casas e gabinetes de investigados e também na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa do estado do Acre (Aleac).
Durante o cumprimento dos mandados, a polícia apreendeu computadores e documentos relacionados a investigação. Além disso, foi achada uma arma de fogo, acessórios e munições de uso registro restrito na casa do diretor do Procon. Ele também deve ser indiciado por ameaça e coação de testemunhas e porte ilegal de arma de fogo.
O diretor do Procon chegou a ser preso no primeiro turno das eleições 2018 com uma quantia em dinheiro escondida dentro do carro.
Empresa de fachadaConforme a Polícia Federal, somente no período do primeiro turno das eleições 2018, Maciel teria sacado mais de R$ 500 mil em espécie. Imagens de câmeras de segurança de um banco em Rio Branco mostram o suspeito fazendo vários saques por dia de valores próximos a R$ 50 mil. Um funcionário do banco também está sendo investigado.
Compra de votos
O valor desviado pelo grupo foi usado, de acordo com a polícia, para caixa dois eleitoral, para compra de votos e parte foi apropriado pelo grupo. O chefe da delegacia de Defesa Institucional, Eduardo Maneta, informou que, para justificar o desvio do dinheiro, a empresa de fachada emitiu várias notas frias.
“A Polícia Federal constatou que mais de R$ 1,5 milhão do fundo eleitoral foram desviados ilicitamente para uma empresa de fachada que estava em nome de um laranja. Ele emprestava o nome para esse grupo criminoso para que recursos públicos fossem desviados em nome do interesse de integrantes do Partido Republicano Brasileiro do Acre [PRB-AC]”, disse o delegado.
Candidatas mulheres para receber mais recursosDurante as investigações, a polícia contatou que o PRB-AC lançou a candidatura de mulheres apenas para atingir o percentual mínimo de 30% e receber mais recursos do fundo partidário eleitoral. Três candidatas foram ouvidas como testemunhas e disseram que familiares mais próximos sequer sabiam que elas eram candidatas.
“Então, foi mais um esquema arquitetado pelo partido para lançar a candidatura dessas mulheres, receber ainda mais recursos do fundo e desviar para empresa de fachada. Para se ter uma ideia, uma das candidatas teve seis votos, outra teve quatro votos e uma teve um único voto”, disse o delegado.
Conforme informações do Tribunal Superior Eleitoral, a candidata pelo PRB-AC Denise Rocha, recebeu seis votos, Francisca Marques recebeu quatro votos e Vanusa Correia teve um voto.
Governador intimado
O governador Tião Viana foi intimado a depor durante a Operação Santinho. De acordo com a Polícia Federal, Viana e outros dois secretários foram intimados para explicaram o porquê da nomeação de Thaysson de Souza Maciel, preso por desvio de fundo eleitoral.
Em nota, o governador informou que recebeu a equipe da Polícia Federal em seu gabinete e foi “convidado” a colaborar com a investigação, na Operação Santinhos, como testemunha. Segundo o governo, a equipe da polícia informou que o governador não está sendo investigado.
"Tião Viana se colocou imediatamente à disposição da instituição. O governador, antes da eleição, esteve cinco vezes na Polícia Federal, alertando sobre a violenta compra de votos que estava ocorrendo, inclusive, com envolvimento de organizações criminosas. O governador Tião Viana tem a trajetória na vida pública marcada pela defesa da transparência, da ética e do combate à corrupção", diz em nota.
Impedimento de diplomação
A Procuradoria Regional Eleitoral afirmou que vai ingressar com ação de investigação judicial eleitoral perante o Tribunal Regional Eleitoral. De acordo com o procurador Vitor Teodoro, o objetivo é evitar que os parlamentares presos na operação sejam diplomados no próximo dia 19 de dezembro.
“A Procuradoria Regional também tem intenção de ingressão com ação para apurar a arrecadação irregular e os gastos de forma irregular dos recursos oriundos dos fundos. Também vamos abrir ação para investigar a compra de votos. Todas visando impedir a diplomação dos parlamentares”, disse o procurador.
Teodoro destacou que, caso os parlamentares percam a diplomação, pelo código eleitoral, os votos que eles receberam, vão para o segundo candidato mais votado dentro do partido.
“Também vamos analisar entrar com ação de improbidade administrativa, que seria para tentar reaver os valores que foram desviados”, concluiu Teodoro.
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