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CRÔNICA DE FIM DE SEMANA ARMANDO A ALCATÉIA - Arimar Souza de Sá


Publicada em: 23/02/2019 14:17:09 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
ARMANDO A ALCATÉIA
- Arimar Souza de Sá

Estamos em tempo de guerra, creiam. No escopo histórico das nações, a história se repete, porque os homens não mudam. Não há como retirar o gume histórico da sentença latina: Lupus est homo homini (o homem é o lobo do próprio homem) popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do século XVII.
Disse-o: “Os homens não mudam, mesmo em face das conquistas humanas no ambiente político, econômico e social”, posto que na essência – creio – não há ainda fórmula de se modificar o DNA da espécie. No profundo, decerto o homem é um animal semelhante aos outros animais.

E o pensador tem razão! Desde a caverna que o homem mata, pelas mais variadas razões. Primeiro com lascas de pedra, depois com a faca, mais tarde com a espingarda e, hoje, com sofisticados armamentos bélicos. Dir-se-ia com reforço de convicção: a beligerância está no cerne de cada homem.

O feminicídio, por exemplo, que se espraia pelo país inteiro, nada mais é senão a explicação do monstro que cada um tem dentro de si, uns mais aflorados, outros menos, dependendo da ocasião.

No lapso histórico, as monstruosidades cometidas nos campos de concentração, na Alemanha, refletem este lobo sangrento que está em nós. As duas bombas lançadas pelos Estados Unidos, em agosto de 45, nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, são a monstruosidade dos homens em estágio exponencial.

Na verdade, o homem, como animal, não tem e nunca teve dó, sempre matou em todos os tempos e modos dos verbos e ideologias. Na Itália, com o fascismo, na Alemanha, com o nazismo, na Rússia, com o comunismo. Portanto, adoramos matar e matar.

Essa nova modalidade de esporte nos ringues (MMA) mostra a impiedade do homem em bater, machucar o adversário até sangrar, para delírio da massa ensandecida. Na verdade, tudo leva a crer que no profundo, somos canibais, gostamos mesmo é de carne humana e de sangue fresco.
Andaríamos mais, explicando, mostrando o avesso do homem como um ser bipolar, de amor e ódio, de bicho e consciência. No entanto, o mais emblemático do horror foi a morte de Jesus Cristo pregado na Cruz e o fel que lhe colocou nos lábios o soldado romano, quando ele disse “tenho sede”.

Agora, vem a lei para entregar armamento à população. Aparentemente seria até uma boa ideia, todavia como mensurá-la com o decorrer do tempo? Como fiscalizar o uso de armas, seu risco e aquisição, num país onde o crime organizado, com material bélico de última geração adquirido clandestinamente, opera de forma livre há décadas sem punição sequer pedagógica?

Será que não corremos o risco de armar os criminosos e eles, mais organizados que o Estado, iniciarem uma guerra civil?

Com o homem-lobo não se deve brincar de ciranda – “ciranda cirandinha vamos todos cirandar”. Bandidos, presos ou nas ruas, já merecem uma mensuração estatística, para avaliarmos quantos são em cada Estado e no país, e que providencias devem ser tomadas.

Armá-los, como se preconiza com o novo projeto, tenho certeza, é uma situação de risco, capaz de provocar uma guerra fratricida, como ocorreu na Espanha com o general Franco, ou em Portugal, sob a batuta de Salazar.

No meio militar ou nas salas de tiros, ensina-se: somente saque para matar. Não tem brincadeira nos confrontos a tiros: ou se mata ou se morre, e fim de papo!

Por isso, é preciso entender que não basta uma simples lei para acabar com a violência. É preciso, sim, implementar pequenas batalhas, como endurecer a fiscalização dos adolescentes, seus movimentos, suas incursões no crime. Abrir espaço de trabalho nos bolsões de miséria, facilitar o entrosamento da população com a polícia, com o uso das novas tecnologias e das redes sociais.

Em termos estruturais, seria desejável distribuir melhor a população no país, criar novos municípios nas megalópoles, exemplo município da Rocinha no Rio de Janeiro, isto é, colocar autoridade onde quem manda são as milícias e o crime organizado.

Mais que isso. Elevar o sentimento nacional engajamento da sociedade na promoção de uma cruzada de ânimo nas universidades, nos colégios, nas igrejas e nos clubes de serviços.

Desse modo, que não se entregue armas a esmo, sem levar em conta o perfil do portador, entendendo que não estamos armando o cidadão para o combate, senão para dar-lhe o direito de defesa no âmbito familiar, a fim de institucionalizar a paz no seio da sociedade brasileira.

É evidente, por fim, que essa inovação seja dirigida pelas Forças Armadas do país com o rigor e a disciplina necessários, senão, estejam certos, podemos nos preparar para um conflito interno, onde lobos, de um lado e do outro, serão enterrados em valas para servirem de lautos jantares aos abutres de plantão. Cruz Credo!

AMÉM!



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