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Presidente Jair Bolsonaro questiona interesse de 'tarados' por vacina para crianças

Presidente criticou recomendação da Anvisa e disse que sua filha, Laura, de 11 anos, não vai se vacinar


R7

Publicada em: 06/01/2022 17:53:09 - Atualizado

BRASIL: Um dia após o Ministério da Saúde anunciar a inclusão de crianças e adolescentes de 5 a 11 anos no plano de vacinação contra a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a medida, questionou o interesse por trás da imunização infantil, disse desconhecer mortes pela doença nessa faixa etária e informou que sua filha, Laura Bolsonaro, não será vacinada.

"Eu pergunto: você tem conhecimento de criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho. Na minha frente tem umas dez pessoas, se alguém tem conhecimento, levanta o braço. Ninguém levantou o braço", disse.

O chefe do Executivo destacou os supostos efeitos colaterais da vacina e pediu que pais e mães atentassem para isso. "Uma das questões que nós colocamos para que você, pai, tem que saber, é que a Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais. E a própria Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] também diz que a criança pode sentir falta de ar e palpitações", complementou.

Bolsonaro questionou, ainda, o interesse por trás da vacinação infantil. "O que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela vida? Pela saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças no país, mas não estão", avalia.

A agência já informou, diversas vezes, que a imunização infantil é segura e eficaz contra a Covid-19, e inclusive encaminhou ao Ministério da Saúde questionamentos sobre o tema e detalhamento de todo o cenário de aprovação e uso de vacinas.

Em outro momento, Bolsonaro voltou a falar sobre o número de óbitos de crianças e adolescentes pela doença, mas, dessa vez, assumiu que há mortes nessa faixa etária causadas pela Covid-19. "Quanto garoto contraiu Covid-19 e não aconteceu absolutamente nada com ele? Quando morre um garoto, que contraiu Covid-19, que isso é quase, eu desconheço, mas existe, com certeza, mas é uma pessoa que tinha problema de saúde grave."

Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, ao menos 1.148 crianças de até 9 anos já morreram de Covid-19 no país desde o início da pandemia. O número corresponde a um patamar baixo de óbitos pelo coronavírus, mas já supera o total de mortes infantis por doenças para as quais há imunizantes.

Nesta quarta-feira (5), o Ministério da Saúde anunciou a inclusão das crianças e adolescentes no plano de vacinação, mas informou que a imunização não será obrigatória, diferentemente de todas as outras vacinações infantis previstas pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações). Dessa forma, caberá aos pais ou responsáveis dar o aval para a aplicação — o intervalo entre as doses será de oito semanas.

Apesar de manter nas mãos dos pais a decisão de vacinar ou não as crianças, a pasta recuou em relação à cobrança de prescrição médica como condicionante para a aplicação.

Bolsonaro criticou, também, governadores e prefeitos que exigiram passaporte vacinal, documento que comprova a imunização contra a Covid-19 e que é adotado em diversos países. Segundo o presidente, a ação é "barbaridade e covardia".

"Medidas que nunca se viram no Brasil. E essas pessoas têm viés autoritário, ditatorial, e estão à frente de prefeituras e governos de estados, que estão reprimindo. Jamais exigirei o passaporte vacinal, até porque tem gente com a terceira dose de vacina que está morrendo", acrescentou.

As declarações foram dadas durante entrevista à TV Nova Nordeste.

ICMS

O chefe do Executivo voltou a criticar o STF (Supremo Tribunal Federal), governadores e prefeitos. Bolsonaro informou ter acionado a Corte numa ação que pede que seja cumprido um dispositivo constitucional de 2001 que, segundo ele, estabelece que o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) sobre combustíveis tenha uma alíquota fixa em todo o país.

"Entrei com ação no STF. Contra mim, o STF julga rapidamente, no máximo em 15 dias a gente já tem dor de cabeça. Agora, a nosso favor, está há quatro meses e não vai para a frente. O que diz essa ação? Nós queremos que seja cumprido um dispositivo constitucional, uma emenda de 2001 que diz que o ICMS tem que ser um valor fixo para todo o Brasil", destacou.


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