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    porto velho, sábado 5 de julho de 2025

Jalser Renier perde mandato de deputado por quebra de decoro após 27 anos no poder

Chamado de 'Menino de Ouro', Jalser Renier respondeu a processo disciplinar por ser suspeito de liderar milícia e mandar sequestrar jornalista.


G1

Publicada em: 28/02/2022 13:45:03 - Atualizado


BRASIL - O deputado Jalser Renier perdeu o mandato em uma sessão histórica na Assembleia Legislativa de Roraima na manhã desta segunda-feira de carnaval (28). Suspeito de liderar milícia e mandar sequestrar o jornalista Romano dos Anjos, a cassação dele foi aprovada por 18 dos 24 colegas de parlamento.

A cassação dele já havia sido aprovada na Comissão de Ética e de Constituição e Justiça. Ele foi o primeiro parlamentar no estado a perder o mandato por decisão dos deputados estaduais.

Do lado de fora, enquanto deputados cassavam Jalser Renier, a população acompanhou voto a voto em um telão instalado na frente da Assembleia Legislativa. A cada argumento favorável, manifestantes, a maioria vestidos com camisas "fora Jalser", vibravam eufóricos.

Logo após a sessão, o suplente George Melo (DC) tomou posse do mandato que ficou vago com a cassação de Jalser.

A sessão que cassou Jalser Renier, o 'Menino de Ouro, foi presidida por Jânio Xingu, seu aliado político. Dos 24 deputados, 17 participaram da sessão extraordinária no plenário da Casa, dois participaram de forma virtual, e cinco faltaram ao ato histórico na política roraimense.

Veja como votou cada deputado

  1. Angela Portela (PP) - sim
  2. Aurelina Medeiros (Podemos) - sim (votou de forma virtual)
  3. Bethânia Almeida (PV) - sim
  4. Catarina Guerra (SD) - sim
  5. Chico Mozart (Cidadania) - sim
  6. Coronel Chagas (PRTB) - sim
  7. Éder Lourinho (PTC) - sim
  8. Evangelista Siqueira (PT) - sim
  9. Gabriel Picanço (Republicanos) - sim
  10. Jânio Xingu (PSB) - se absteve de votar
  11. Jeferson Alves (PTB) - sim
  12. Jorge Everton (sem partido) - sim
  13. Marcelo Cabral (MDB) - sim
  14. Neto Loureiro (PMB - sim
  15. Nilton do Sindpol (Patriota) - sim
  16. Renato Silva (Republicanos) - sim
  17. Soldado Sampaio (PCdoB) - sim
  18. Tayla Peres (PRTB) - sim
  19. Yonny Pedroso (SD) - sim

Além de Jalser, faltaram à sessão: Renan Filho (Republicanos), Lenir Rodrigues (PPS), Odilon Filho (PROS) e Dhiego Coelho (PTC).

Durante vários momentos, Xingu foi vaiado pelo plenário lotado e, em resposta, pedia silêncio para "não prejudicar a votação". Em contrapartida, Jorge Everton e Soldado Sampaio, opositores de Jalser, foram ovacionados por defenderam publicamente a cassação do colega de parlamento.

Depois de iniciada a sessão, Jorge Everton falou sobre o relatório que pedia a cassação e fez um apelo aos colegas para que o seguisse no voto contra Jalser Renier.

Apás os 18 votos favoráveis, a perda de mandato foi declarada em leitura feita por Xingu e ele encerrou a sessão. Logo em seguida, foi aberto um novo ato para dar posse ao suplente e o nome foi excluído do telão.


Sessão convocada por maioria

A sessão desta segunda-feira foi convocada por 16 deputados, com base no artigo do regimento interno que diz que, em caso de urgência ou interesse público, a maioria dos parlamentares pode marcar o ato.

Jalser, que retornou à presidência da Ale-RR na quarta-feira (23) por decisão do Supremo Tribunal de Roraima (STF), chegou a considerar a sessão “nula” por usurpação de competência regimental. Deputados que fizeram a convocação, conseguiram um mandado de segurança no Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) para garantir que a votação ocorresse.

27 anos no poder

Parlamentar polêmico, Jalser Renier é conhecido no estado como "Menino de Ouro" pela forma como ascendeu na política roraimense desde que foi eleito pela primeira vez quando tinha 21 anos de idade. Ele estava no poder havia 27 anos.

Em 2018, quando foi eleito pela última vez, recebeu 8.401 votos, o mais votado naquele ano.

Jalser já foi alvo de outras operações policiais. Ele foi preso pela primeira vez em 2003 por envolvimento no maior caso de corrupção em Roraima, o "Escândalo dos Gafanhotos". Em 2016, ele voltou a ser preso pelo mesmo motivo.

Nesta segunda prisão, Jalser já era presidente da Ale-RR e cumpria regime semiaberto. Ele passava a noite na prisão e durante o dia, cumpria o expediente na Assembleia. Na época, Renier ficou nacionalmente conhecido como "presidente presidiário". Em 2017, ele ganhou liberdade.


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