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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
BRASIL: Os mais de mil casos de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças e adolescentes, registrados no ano passado, foram causados não por um vírus novo, mas por patógenos que comumente infectam pacientes pediátricos. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco (EUA) e publicada recentemente na revista Nature.
O surto de hepatite aguda fez com que ao menos 50 crianças precisassem de transplante de fígado. Também houve 22 mortes.
No estudo, a equipe do professor Charles Chiu, da Divisão de Doenças Infecciosas da universidade, vinculou esses casos a coinfecções de vários vírus, com destaque para o AAV2 (vírus adeno-associado tipo 2). Estes, todavia, não são conhecidos por causar hepatie.
O AAV2 agiu nesses pacientes junto com vírus causadores de resfriado comum, como o adenovírus.
O contexto em que o surto ocorreu também pode ter sido único, explicam os autores, uma vez que após dois anos em casa, por causa da pandemia de Covid-19, as crianças retornaram à escola e estavam mais suscetíveis a infecções por vírus comuns.
Ocorre que, para um pequeno grupo, ter mais de uma infecção ao mesmo tempo pode torná-las mais vulneráveis a quadros graves de hepatite.
"Ficamos surpresos com o fato de que as infecções que detectamos nessas crianças não foram causadas por um vírus emergente incomum, mas por patógenos virais comuns da infância", disse Chiu.
O estudo foi apoiado pelos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos e envolveu uma série de testes laboratoriais de 16 casos em seis estados.
Em 14 amostras de sangue disponíveis, o AAV2 estava em 93%. Já os adenovírus humanos foram encontrados em todos os casos. Um tipo de adenovírus específico ligado à gastroenterite foi achado em 11 casos.
Também houve coinfecções adicionais pelos vírus Epstein-Barr, herpes e enterovírus em 85,7% dos pacientes.
Estudos prévios realizados no Reino Unido já haviam identificado a mesma cepa do AAV2, cujas infecções podem ocorrer em qualquer idade, mas seu pico normalmente é entre 1 e 5 anos.