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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL: Um novo estudo mostrou que pessoas adeptas um tipo de jejum intermitente tinham um risco 91% maior de morte por doença cardiovascular. Os achados foram apresentados na Epidemiology and Prevention | Lifestyle and Cardiometabolic Scientific Sessions 2024, da American Heart Association, nesta segunda-feira (18).
O jejum intermitente é uma estratégia baseada em consumir todas as refeições do dia dentro de uma janela de horário e passar a maior parte do dia em jejum. O estudo em questão analisou 20 mil adultos dos Estados Unidos e descobriu que as pessoas que limitavam a sua alimentação a menos de 8 horas por dia (ou seja, comiam apenas nesse período) tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardiovasculares em comparação com as pessoas que comiam em intervalos regulares (12 a 16 horas por dia).
No jejum intermitente, muitas pessoas seguem uma dieta alimentar com cronograma 16:8, onde comem todos os alimentos em uma janela de 8 horas e fazem jejum pelas 16 horas restantes, todos os dias. Alguns estudos anteriores mostraram que esse tipo de alimentação poderia trazer benefícios para a saúde, como melhorar a pressão arterial, reduzir a glicose no sangue e o colesterol.
“Restringir o tempo de alimentação diária a um curto período, como 8 horas por dia, ganhou popularidade nos últimos anos como uma forma de perder peso e melhorar a saúde do coração”, disse o autor sênior do estudo, Victor Wenze Zhong, professor e presidente do departamento de epidemiologia e bioestatística da Escola de Medicina da Universidade Jiao Tong de Xangai, em Xangai, China.
“No entanto, os efeitos a longo prazo para a saúde da alimentação com restrição de tempo, incluindo o risco de morte por qualquer causa ou doença cardiovascular, são desconhecidos”, completa.
Para o estudo, os pesquisadores investigaram o potencial impacto na saúde a longo prazo de seguir jejum intermitente com uma janela para refeições de 8 horas. Para isso, eles revisaram informações sobre padrões alimentares para participantes das Pesquisas Nacionais de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES) anuais de 2003-2018, dos Estados Unidos, e compararam com dados sobre pessoas que faleceram nos EUA entre 2003 e 2019, disponíveis no banco de dados do Índice de Morte do CDC (Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças).
Os participantes do estudo foram acompanhados por um período médio de 8 anos, com um período máximo de 17 anos de acompanhamento. Os adultos tinham, pelo menos, 20 anos no momento da inscrição na NHANES e preencheram dois questionários sobre a alimentação no primeiro ano de inscrição. Aproximadamente metade dos participantes se identificaram como homens e metade se identificaram como mulheres.
Entre os resultados da análise, estão:
“Ficamos surpresos ao descobrir que as pessoas que seguiam um horário alimentar de 8 horas com restrição de tempo tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardiovasculares. Embora esse tipo de dieta tenha sido popular devido aos seus potenciais benefícios a curto prazo, a nossa investigação mostra claramente que, em comparação com um intervalo de tempo de alimentação típico de 12-16 horas por dia, uma menor duração da alimentação não estava associada a uma vida mais longa”, diz Zhong.
O autor do estudo também acredita que as descobertas incentivam uma abordagem mais cautelosa e personalizada em relação às recomendações alimentares, levando em consideração o estado de saúde do paciente e as evidências científicas mais recentes.
No entanto, o pesquisador ressalta que os resultados do estudo mostram apenas uma relação entre jejum intermitente e morte por doença cardiovascular. “Embora o estudo tenha identificado uma associação entre uma janela alimentar de 8 horas e morte cardiovascular, isso não significa que a alimentação com restrição de tempo tenha causado morte cardiovascular”, afirma.
Pesquisas futuras poderão examinar os mecanismos biológicos por trás das associações entre uma alimentação com restrição de tempo e resultados cardiovasculares adversos. Além disso, também é necessário entender quais outros fatores poderiam estar relacionados à morte por doença cardiovascular, como peso, estresse e outros fatores de risco.
“Um desses detalhes envolve a qualidade dos nutrientes das dietas típicas dos diferentes subconjuntos de participantes [do estudo]. Sem esta informação, não pode ser determinado se a densidade de nutrientes pode ser uma explicação alternativa às descobertas que atualmente se concentram na janela de tempo para comer”, afirma Christopher D. Gardner, professor de Medicina Rehnborg Farquhar da Universidade de Stanford e presidente do comitê de redação da declaração científica do evento em que o estudo foi apresentado.