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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
Um novo estudo publicado na revista científica The Lancet, mostrou que melhorar a diversidade da flora intestinal pode reduzir os sintomas de pessoas com a doença de Parkinson, usando uma técnica alvo de preconceitos: o transplante de fezes. A microbiota do intestino interfere em vários aspectos da saúde, da imunidade à qualidade do sono.
Conduzida por pesquisadores belgas, a análise apontou que o transplante de fezes foi capaz de reduzir os distúrbios do movimento característicos da condição (tremores) em longa duração — os resultados foram observados por mais de 12 meses após o procedimento.
Detalhes do estudo
Para realizar o ensaio clínico duplo-cego foi feito comparando pacientes com doença de Parkinson em estágio inicial. Eles foram divididos em dois grupos: o primeiro, com 22 pessoas, recebeu fezes de doadores saudáveis, enquanto o grupo de controle recebeu as próprias fezes.
“Nossos resultados são realmente encorajadores, todos os pacientes que receberam fezes de doadores saudáveis tiveram melhoras significativas”, comemorou o pesquisador e líder do estudo Arnout Bruggeman, do VIB-UGent-UZ Gent, em comunicado à imprensa.
Os participantes receberam as fezes através de um tubo que foi inserido pelo nariz e avançou até o intestino delgado para depositar a mistura. A melhora nos sintomas demorou a aparecer: ela só foi observada nas consultas após seis meses, com crescimento após um ano, o que sugere um efeito duradouro do impacto da mudança na microbiota intestinal.
Os pesquisadores acreditam que a melhora dos sintomas pode estar relacionada a alterações no movimento intestinal e na sua relação com a produção de hormônios e regulação do funcionamento do cérebro, mas são necessárias mais pesquisas para definir a explicação.
Preconceito com o transplante de fezes
O estudo belga é o primeiro duplo-cego realizado para entender a relação entre a saúde intestinal e a condição através do transplante de fezes. Como existe grande resistência quanto ao procedimento, os pesquisadores destacaram que foi difícil encontrar financiamento, mas as doações dos pacientes permitiram a realização da pesquisa.
“Nosso próximo passo é conseguir financiamento para tentar determinar quais bactérias têm uma influência positiva. Isso poderia levar ao desenvolvimento de uma ‘pílula bacteriana’ ou outra terapia direcionada que poderia substituir o transplante no futuro”, afirma a professora Roosmarijn Vandenbroucke, participante da equipe.