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porto velho, sexta-feira 21 de fevereiro de 2025
MUNDO: Certas bactérias encontradas na boca podem estar ligadas a mudanças na função cerebral conforme as pessoas envelhecem, dizem pesquisadores na Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Um estudo liderado por pesquisadores da universidade descobriu que certos tipos de bactérias estavam associados a melhor memória e atenção, enquanto outros estavam ligados a problemas de saúde cerebral e à doença de Alzheimer.
"Podemos prever se você tem o gene do Alzheimer antes mesmo de começar a ter problemas ou pensar em ir ao médico para um diagnóstico", afirma Joanna L'Heureux, autora principal do estudo.
A pesquisa está em estágios iniciais, mas os pesquisadores dizem que agora estão investigando se comer certos alimentos saudáveis, como folhas verdes ricas em nitrato, pode influenciar a saúde do cérebro ao estimular certas bactérias.
"Se certas bactérias apoiam a função cerebral enquanto outras contribuem para o declínio, então tratamentos que alteram o equilíbrio de bactérias na boca podem ser parte de uma solução para prevenir a demência", afirma ela.
"Isso pode ser por meio de mudanças na dieta, probióticos, rotinas de higiene oral ou até mesmo tratamentos direcionados."
O estudo recrutou 115 voluntários com mais de 50 anos que já haviam realizado testes cognitivos como parte de outro projeto.
Os pesquisadores os dividiram em dois grupos — um com pessoas sem problemas de declínio da função cerebral e outros com pacientes com problemas cognitivos leves.
Os participantes de ambos os grupos enviaram amostras de saliva que foram então analisadas e as populações de bactérias estudadas.
As pessoas que tinham grandes quantidades dos grupos de bactérias Neisseria e Haemophilus tinham melhor memória, atenção e capacidade de realizar tarefas complexas.
Já quem tinha maiores níveis da bactéria Porphyromonas eram pessoas com problemas de memória.
Já o grupo bacteriano Prevotella estava ligado a baixo nitrito, mais comum em pessoas que carregavam o gene de risco da doença de Alzheimer, explica L'Heureux.
Embora o estudo mostre uma correlação entre as bactérias e as doenças, ele não é capaz de provar a causalidade - ou seja, que uma coisa causou a outra. Para isso são necessárias mais pesquisas.
Mais estudos podem levar a uma futura forma de ajudar no diagnóstico das doenças, segundo as pesquisadoras.
"No futuro, poderíamos coletar essas amostras [da boca] como parte das consultas médicas e processá-las para dar uma indicação precoce se alguém tem risco elevado de doenças da memória", diz Anni Vanhatalo, pró-reitora associada de pesquisa e impacto na universidade.