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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
Nesta terça-feira (26) é o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, doença irreversível que acomete os olhos, provocada pela elevação da pressão ocular. O glaucoma se tornou a segunda causa de cegueira no mundo, perdendo só para catarata, revela a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Até o final de 2019, o Núcleo de Oftalmologia de Rondônia, que funciona na Policlínica Oswaldo Cruz (POC), em Porto Velho, atendia a mais de 240 pacientes por mês, com sintomas que podem caracterizar o glaucoma.
Geralmente, essa doença pode se desenvolver durante meses ou anos sem apresentar nenhum sintoma.
Os sintomas só aparecem na fase mais avançada, quando a pessoa começa a esbarrar nas coisas, em consequência da perda da visão periférica. Ou seja, ela vê bem o que está na sua frente, mas não enxerga o que está dos lados.
Estima-se que a prevalência da doença no mundo é de, aproximadamente, 1% a 2%, já no Brasil, aproximadamente um milhão de pessoas acima de 40 anos.
A médica oftalmologista da POC, Maria Ivanete Oliveira de Souza, lembra que a data de hoje foi estabelecida para alertar as pessoas a respeito da importância do diagnóstico precoce. Uma estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) dá conta de 80 milhões de pessoas com glaucoma no mundo até este ano, o que reforça a campanha de prevenção.
“Muita gente tem e não sabe, porque o glaucoma é silencioso e quando destrói o nervo óptico a pessoa irá percebê-lo avançado”, explica Maria Ivanete.
A suspeita leva a exames complementares feitos na Policlínica: medida da pressão intra-ocular, campo visual, retinografia e tomografia de coerência óptica (OCT).
“O diagnóstico precoce é importante. Pela regulação, a pessoa faz a consulta normal, depois pode dispor dos ambulatórios: temos o de caratara e transplante de córnea, e o de glaucoma”, acrescenta a médica.
Segundo Maria Ivanete, para o uso de colírios, tudo é muito rápido. Após o diagnóstico, na sequência, a pessoa marca consultas, conforme a regulação. Se os colírios não resolverem, restará à pessoa a cirurgia a laser ou a trabeculotomia. A cada seis meses, acontece o retorno à consulta, desde que a pressão esteja sob controle, se assim não for, o retorno deve acontecer mensalmente.
Investindo cerca de R$ 1 milhão por ano, o Governo de Rondônia fornece aos pacientes colírios, que são medicamentos caros, porém, essenciais para o controle da doença.
Em crianças o glaucoma é raro, porém existe. Também há casos de hereditariedade crônica, de pessoas que usam corticoides, e daquelas com alta miopia. “A maioria dos casos é de hereditariedade”, ela enfatiza.
O mais comum entre os tipos de glaucoma da infância é o glaucoma congênito primário. Segundo ela, o tratamento desse tipo da doença é essencialmente cirúrgico. É uma doença rara, considerada uma das maiores causas de cegueira da infância. Essencialmente cirúrgico, ele desafia especialistas. Às vezes, ele se manifesta clinicamente sob várias formas, menos ou mais graves. “São necessárias diversas intervenções cirúrgicas para o controle, ainda assim, nem sempre isso ocorre totalmente, porque é preciso complementar o tratamento clínico, com o uso de colírios hipotensores”, explica a médica.
De acordo com Maria Ivanete, frequentemente há necessidade de múltiplas intervenções cirúrgicas para o controle desse tipo, que ocorre devido a uma anormalidade de desenvolvimento do ângulo da câmara-anterior e da malha trabecular, e não está associado a outras alterações oculares ou sistêmicas.
No final da gestação ocorre normalmente uma reabsorção do tecido mesodérmico (ligamento pectíneo) que preenche a região do ângulo da câmara-anterior. Caso isso não aconteça no devido momento do desenvolvimento da criança, ocorrerá uma obstrução ao escoamento do humor aquoso com consequente aumento da pressão intraocular, e consequentemente o desenvolvimento de glaucoma congênito.