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porto velho, sábado 30 de novembro de 2024
A vacina russa Sputnik V tem eficácia de 91,6% contra os casos sintomáticos da Covid-19, aponta uma análise dos testes clínicos publicada nesta terça-feira (2) pela revista médica The Lancet e validada por especialistas independentes.
O imunizante já está sendo administrado na Rússia e em outro países, como Argentina e Argélia. No parecer divulgado na revista The Lancet, os professores britânicos Ian Jones e Polly Roy lembraram que o desenvolvimento da vacina Sputnik V foi criticado por sua precipitação, por ter pulado etapas e pela ausência de transparência.
"Mas os resultados apresentados são claros e o princípio científico desta vacina ficou demonstrado", afirmaram, em um comentário publicado junto com o estudo. "Isto significa que uma vacina adicional pode se unir ao combate para reduzir a incidência da Covid-19", reiteraram
Os primeiros resultados verificados confirmam as informações divulgadas pela Rússia no ano passado, mas recebidas com desconfiança pela comunidade científica internacional. De acordo com o novo estudo realizado, a Sputnik V está entre as vacinas mais eficazes contra a Covid-19, próxima dos imunizantes da Pfizer/BioNTech e da Moderna que têm quase 95% de eficácia.
Mudança de discurso
Nas últimas semanas, o discurso sobre o produto russo vem mudando na Europa, diante do anúncio do atraso da entrega de imunizantes pelos laboratórios. Algumas autoridades sanitárias solicitaram que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) avaliasse rapidamente a Sputnik V.
Os resultados publicados na revista The Lancet podem contribuir para uma eventual abertura à utilização da vacina russa no bloco. O estudo avaliou a última fase dos testes clínicos, a terceira, que reuniu quase 20.000 voluntários.
Os dados foram apresentados pela equipe que elaborou o imunizante e conduziu os testes, antes de serem submetidos a outros cientistas independentes. Eles mostraram que a Sputnik V reduz em 91,6% o risco de desenvolver sintomas de Covid-19.
Os participantes no teste, realizado entre setembro e novembro, receberam duas doses, ou um placebo, com três semanas de intervalo. No total, 16 voluntários dos 14.900 que receberam a vacina foram diagnosticados como casos positivos da doença, ou seja, 0,1%, contra 62 dos 4.900 que receberam um placebo (1,3%).
Eficácia em casos assintomáticos
No entanto, os autores do estudo publicado na revista The Lancet salientam de um detalhe sobre a eficácia da vacina russa: testes PCR foram realizados nos participantes dos testes clínicos quando esses declararam ter desenvolvido sintomas. Ou seja, "a análise da eficácia se baseia em casos sintomáticos", ressaltam. Por isso, "outras pesquisas são necessárias para abodar o efeito da vacina sobre doentes assintomáticos e a transmissão da doença", salientam os especialistas independentes.
Além disso, analisando as reações do produto russo em cerca de 2.000 voluntários com mais de 60 anos, a pesquisa apontou que a Sputnik V parece ser eficaz nas faixas etárias mais avançadas. Os dados mostram que o imunizante parece proteger extremamente bem os indivíduos contra as formas moderadas a severas da doença.
A vacina russa é um fármaco de vetor viral, que utiliza em sua base outros vírus, que foram manipulados para serem inofensivos e adaptados ao combate à Covid-19. Essa é a mesma técnica utilizada pela vacina da AstraZeneca/Oxford, que tem uma eficácia de 60%, de acordo com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
A diferença entre os dois produtos é que o imunizante britânico se baseia em um adenovírus de chimpanzé, enquanto a Sputinik V utiliza dois adenovírus humanos diferentes para cada uma das duas doses necessárias. Segundo os criadores da vacina russa, essa técnica resulta em uma melhor resposta imunitária.