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porto velho, terça-feira 6 de maio de 2025
Novas variantes, mais contagiosas do novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, já desempenharam um papel tremendo no caos provocado pela subida de infecções e internamentos em países como o Reino Unido, África do Sul ou Brasil. E a tendência é que outras mutações continuem a surgir enquanto o vírus permanecer em circulação.
De acordo com pesquisadores questionados pela BBC News Brasil, quatro sinais de alarme são particularmente importantes no monitoramento de novas estirpes associadas ao novo coronavírus, nomeadamente: surto de hospitalizações, evidências de reinfecção, alteração dos sintomas e da severidade da doença e modificações nas faixas etárias mais infectadas.
Sendo fundamental estar atento a estes elementos, de modo a travar que novas variantes se propaguem por todo o mundo e para amenizar os danos que podem eventualmente provocar.
Os principais riscos consistem na possibilidade do vírus se tornar mais letal, contagioso, mais resistente às vacinas já existentes e às defesas naturais do sistema imunológico humano.
Eis, segundo a BBC News Brasil, os quatro sinais de alerta que indicam o aparecimento de variantes perigosas:
1. Surto de hospitalizações
Quando não há uma explicação razoável para uma localidade ou país experienciar, de repente, uma subida vertiginosa de infecções, trata-se de um sinal de alerta para a possibilidade de variante mais contagiosa estar a circular na região.
Aliás, foi esse 'sinal vermelho' que incitou cientistas da África do Sul a mobilizar esforços para identificar mudanças genéticas no coronavírus em circulação na província de Cabo Oriental. Enquanto todo o país experienciava uma estagnação no número de infecções no começo de outubro de 2020, quase três meses depois, a cidade de Nelson Mandela Bay sofria um aumento exponencial de hospitalizações.
Em novembro, pesquisadores da Universidade KwaZulu-Natal, em Durban, na África do Sul, sequenciaram o vírus de pessoas infectadas naquela cidade e verificaram que se tratava de uma variante com 20 mutações.
Foram, então identificadas duas mutações particularmente preocupantes e que depois também seriam encontradas na variante descoberta em Manaus: a N501Y e a E484K.
2. Incidência de reinfecções
Se um local começa a sofrer uma subida na taxa de infecções de pessoas que já haviam contraído previamente Covid-19, esse é outro fator de alerta para a possível presença de variantes, especialmente se o novo contágio tiver ocorrido num curto espaço de tempo.
Um estudo realizado pela agência governamental de Saúde Pública da Inglaterra, a Public Health England, apontou que a maioria das pessoas que já contraíram Covid-19 (83%) tem imunidade por pelo menos cinco meses.
3. Mudança de sintomas e gravidade
Outro sinal de potencial surgimento de uma variante é uma alteração consistente nos sintomas de quem testa positivo para a Covid-19 ou um aumento notório de casos severos da doença.
Esses fatores indicariam a presença de mutações que interagem de maneira diferente com as células humanas, levando a reações do sistema imunológico que destoam das causadas pela cepa original do coronavírus.
Atualmente, não existem provas científicas concretas de que as variantes encontradas em Manaus, na África do Sul e no Reino Unido provoquem sintomas diferentes ou sejam mais agressivas.
Contudo, por serem mais transmissíveis, podem aumentar rapidamente o número de infectados, causando consequentemente a superlotação nos hospitais e mais mortes.
4. Mudança na faixa etária infectada
Adicionalmente, outro sinal é um eventual contágio mais acelerado de pessoas em grupos etários pouco atingidos pela estirpe original do coronavírusSARS-CoV-2.
Isto é, se mais crianças e adolescentes começarem a ficar infectados ou sofrerem de casos mais graves de Covid-19, tal seria um indicador de uma variante com mutações capazes de melhorar a conexão entre a proteína spike do vírus e os receptores das células de jovens.
Pesquisas apontam que as crianças são afetadas menos gravemente pelo coronavírus por possuírem menos receptores no pulmão capazes de identificar e se conectar à proteína spike.