Fundado em 11/10/2001
porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL - O Brasil registrou 1.016 mortes por dengue em 2022, algo nunca visto desde a década de 1980, quando a doença 'ressurgiu' no país e começou a ser mais frequente, com ciclos de maior e menor intensidade. Leia mais abaixo o que é preciso saber sobre a doença.
Os dados estão no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta semana com os dados consolidados de 2022.
Nos últimos anos, as maiores epidemias de dengue no Brasil aconteceram em 2015, 2016 e 2019.
No final do ano passado, já havia um alerta para uma nova epidemia da dengue em 2022, que atingiu todas as regiões e deve se manter nos primeiros meses de 2023.
Antes vista com mais força em regiões quentes e úmidas, desta vez a dengue decidiu se concentrar também em áreas que antes registravam pouca ou nenhuma incidência de infecções pelo vírus, que é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti.
De acordo com o boletim do Ministério da Saúde, as cidades com os maiores registros de casos prováveis de dengue em 2022 foram:
Períodos chuvosos, principalmente no verão, aliados à diminuição da percepção de risco para a dengue, são apontados como os principais motivos que levaram à alta nos casos e mortes em 2022.
Com a chuva, aumentam os riscos de água parada. É o cenário perfeito para que o Aedes aegypti se reproduza.
O infectologista Alexandre Naime Barbosa também cita a falta de políticas públicas para orientar e incentivar à população a combater a dengue.
"Para você controlar a dengue, você precisa controlar o vetor. Para controlar o vetor, você precisa da colaboração da população e de ações públicas. As ações nos municípios foram bastante diminuídas por conta da pandemia, como os 'fumacê' e as visitas dos agentes de saúde e de endemias", diz Barbosa.
Agentes de endemias visitam casas em Rio Branco (AC) para reforçar ações de combate à dengue — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre
O principal vetor da dengue é mosquito Aedes aegypti. O vírus é transmitido para humanos por meio da picada da fêmea do mosquito infectado. Por isso, é importante eliminar os criadouros do mosquito e, assim, evitar que ele se prolifere.
"As pessoas esqueceram que a dengue mata. Se esqueceu tudo aquilo que estava se falando da dengue, de não criar o mosquito e, além disso, faltou uma campanha do Ministério da Saúde", diz Barbosa.
Como a previsão aponta para novamente um verão chuvoso no Brasil, a tendência, segundo o especialista, é de que a dengue siga em alta pelo menos até meados de abril de 2023.
"Nós vivemos em um caldeirão de doenças infecciosas. A gente tem que ficar em alerta sempre", resume o infectologista.