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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
MUNDO - Um estudo publicado pelo Imperial College de Londres, realizado com 200 mil pessoas de meia-idade, no Reino Unido, ao longo de dez anos, constatou que a ingestão de alimentos industrializados e ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos e salgadinhos, aumenta o risco de morte por câncer em 6%. O artigo foi publicado no periódico científico eClinicalMedicine.
De acordo com o levantamento, o aumento no grau de mortalidade por cancros se deu com o aumento, também, do consumo de alimentos ultraprocessados em uma dieta em 10%. O risco de ter câncer em geral foi de 2% para cada aumento de 10% na ingestão de ultraprocessados na dieta. Em análises específicas, os níveis sobem para 16% em tumores na mama e 19% em tumores ovarianos.
O estudo mostrou ainda que, mesmo regulando outros fatores de risco, como tabagismo, sedentarismo e IMC (índice de massa corpórea), o risco de desenvolvimento da doença e morte em sua decorrência continuaram.
"Este estudo aumenta a evidência crescente de que os alimentos ultraprocessados provavelmente impactam negativamente nossa saúde, incluindo o risco de câncer", afirma em comunicado a autora sênior do artigo, a professora Eszter Vamos, da Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres.
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, os ultraprocessados consistem em alimentos industrializados, ricos em gordura ou açúcares, muitas vezes os dois.
"É comum que apresentem alto teor de sódio, por conta da adição de grandes quantidades de sal, necessárias para estender a duração dos produtos e intensificar o sabor, ou mesmo para encobrir gostos indesejáveis oriundos de aditivos ou de substâncias geradas pelas técnicas envolvidas no ultraprocessamento", afirma o documento.
Entre os alimentos que fazem parte dessa lista, estão os refrigerantes e outras bebidas prontas, pães e bolos industrializados, biscoitos, salgadinhos, chocolates, refeições prontas, entre outros alimentos.
A identificação dos ultraprocessados é simples: se ao olhar o rótulo houver ingredientes que você não tem na sua cozinha, certamente ele não fará bem à saúde. Elementos como xarope de glicose, extrato de proteína, emulsificante, corante, adoçante, gordura hidrogenada, aromatizantes e amido modificado, usados na indústria, têm como função mascarar o sabor da industrialização.
"Nossos corpos podem não reagir da mesma forma a esses ingredientes e aditivos ultraprocessados como reagem a alimentos frescos e nutritivos minimamente processados. No entanto, os alimentos ultraprocessados estão em todos os lugares e são altamente comercializados com preço barato e embalagens atraentes para promover o consumo. Isso mostra que nosso ambiente alimentar precisa de uma reforma urgente para proteger a população dos alimentos ultraprocessados", acrescenta em nota outra autora do estudo, a pesquisadora Kiara Chang.