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Tratamento experimental consegue eliminar câncer de mama com metástase nos ossos

Atualmente, não existe cura para os tumores de mama que se espalham para outras partes do corpo


R7

Publicada em: 08/03/2023 14:36:10 - Atualizado


BRASIL - Um tratamento experimental que envolve a imunoterapia demonstrou sucesso no tratamento de câncer de mama com metástase nos ossos, algo para o qual hoje não há cura.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, testaram o modelo de terapia em camundongos e conseguiram eliminar as células tumorais de mama que haviam se espalhado para os ossos, inclusive aquelas que eventualmente retornavam.

Em um artigo, publicado nesta quarta-feira (8), na revista cientifica Cancer Discovery, da Associação Americana para Pesquisa do Câncer, o grupo de cientistas descreve como conseguiu tratar a área ao redor dos tumores de mama, fazendo com que o sistema de defesa do corpo fosse capaz de atacar as células cancerígenas com eficácia.

Para isso, eles aumentaram a atividade de células T e macrófagos, que são linhas de defesa do sistema imunológico.

Os macrófagos atacam células tumorais por meio da resposta imune inata (que nasce com o indivíduo e não tem a necessidade de estímulo por vacinas, por exemplo).

São eles que ativam ainda mais as células T e as mostram qual ameaça devem procurar – neste caso, o tumor.

"Depois que o câncer de mama se espalhou para outras partes do corpo, torna-se extraordinariamente difícil de tratar; as terapias atuais só podem tentar retardá-lo", explica em comunicado a autora sênior do estudo, Sheila A. Stewart.

Ela acrescenta que em cerca de 70% dos casos de câncer de mama em que há metástase os ossos acabam sendo comprometidos pela doença também.

"Nosso estudo sugere que podemos usar dois tratamentos – um para sensibilizar o microambiente do tumor mielóide à imunoterapia e outro para ativar as células T – para direcionar essas metástases ósseas de uma forma que elimine o tumor, evite que o câncer retorne e proteja contra perda óssea no processo", complementa.

Entre as descobertas do estudo estão a de que o bloqueio de uma molécula chamada p38MAPK é capaz de reprogramar o microambiente do tumor para deixá-lo mais vulnerável ao ataque que já ocorre naturalmente pelo sistema imunológico.

Esse bloqueio isoladamente reduziu o tamanho do tumor, mas não o eliminou.

Adicionalmente, os pesquisadores incluíram outra terapia que ativa as células T, aumentando a capacidade delas de encontrar e destruir células tumorais – o tratamento é chamado de agonista OX40.

Dentre os camundongos que receberam apenas um dos tratamentos, apenas metade sobreviveu 60 dias após o experimento.

No entanto, a surpresa surgiu na combinação das terapias.

"Quando alvejamos o microambiente para torná-lo mais sensível às células T e simultaneamente demos um gás nas células T, todos os camundongos ficaram livre dos tumores metastáticos", revelou a cientista.

Ao repetir o experimento, adicionando as mesmas células tumorais novamente nos camundongos, eles conseguiram eliminá-las, complementa Sheila.

"Parece que seus sistemas imunológicos desenvolveram memória de longo prazo e sabiam atacar as células cancerígenas que retornavam. Os ratos parecem basicamente vacinados contra o câncer."

Agora, os cientistas selecionaram dois agonistas OX40 para futuros estudos, incluindo o de câncer de mama. Além disso, já existem inibidores de p38MAPK investigados para outras doenças, como artrite reumatoide e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).

Os pesquisadores pretendem buscar parcerias com fabricantes de medicamentos para desenhar um teste em humanos tenham câncer de mama metastático.


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