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    porto velho, quinta-feira 12 de junho de 2025

Filha vereadora de Fernandinho Beira-Mar recorre de condenação na 'Operação Epístolas'

Fernanda Costa, que tem uma cadeira na Câmara Municipal de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi condenada a 4 anos e 10 meses de reclusão em regime semiaberto.


G1

Publicada em: 26/04/2023 10:09:23 - Atualizado

BRASIL - Os advogados da vereadora Fernanda Izabel da Costa, uma das filhas de Fernandinho Beira-Mar condenada na "Operação Epístolas", entraram nesta terça-feira (25) com um recurso em segunda instância para tentar reverter a condenação.

Fernanda é vereadora em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e, caso a condenação seja mantida, ela pode perder o mandato e seus direitos políticos.

Ela, o pai e outros quatro filhos de Beira-Mar foram condenados no início de abril pelo Tribunal Regional Federal de Rondônia, por organização criminosa apontada nas investigações da "Operação Epístolas" de 2017, que mostrava como o traficante conduzia seus negócios a partir de cartas e bilhetes enviados com a ajuda de parentes. A determinação sobre a suspensão de direitos políticos de Fernanda está na sentença do processo, mas só passa a valer em definitivo depois de esgotados todos os recursos a que a vereadora puder e quiser recorrer.

Suspensão só vale após recursos

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, e que serviu de base para a condenação, "Fernanda visitava o pai para tratar de assuntos inerentes à prática de crimes. Os recados eram feitos com linguagem codificada para estabelecer comunicação com os integrantes do grupo criminoso e dificultar ações policiais e dificultar sua identificação."

Por essas práticas foi condenada a 4 anos e 10 meses de reclusão em regime semiaberto. A sentença do caso determina, depois que o processo transitar em julgado, que "se oficie à Justiça Eleitoral para fins do disposto no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal, que fala em suspensão dos direitos políticos dos condenados enquanto durarem os efeitos da condenação".

Fernanda negou todas as acusações, mas segundo a decisão judicial, o MPF conseguiu provas de sua relação com o esquema montado por Fernandinho Beira-Mar, o que levou à condenação.

Ao todo, 35 pessoas foram condenadas pelo Tribunal Regional Federal de Rondônia por conta da "Operação Epístolas".

Outros condenados

A "Operação Epístola", da Polícia Federal, mostrou que mesmo isolado em uma penitenciária de segurança máxima, em Rondônia, Beira-Mar continuava comandando o tráfico de drogas em 13 comunidades de Duque de Caxias, e ainda diversificou a sua atuação com a venda de gás, internet, caça-níqueis, cigarros e bebidas nas favelas de Caxias.

As ordens nos negócios criminosos eram transmitidas por meio de recados, transmitidos a parentes durante visitas, ou por bilhetes repassados para um detento da cela ao lado.

Pelo crime, Beira-Mar foi condenado a mais 14 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão. Ele já tem 320 anos de prisão por crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídios. A Justiça Federal condenou Fernanda e outros quatro filhos do traficante por atuarem na transmissão de recados e envolvimentos em outros crimes. São eles:

  • Luan Medeiros da Costa - Segundo a Justiça, atuou em todas as atividades da organização criminosa e tem amplo conhecimento dos negócios do escusos do pai. Ele teria se aproveitado das visitas na Penitenciária Federal de Porto Velho, para tratar de assuntos inerentes aos mais diversos crimes, especialmente tráfico interestadual e internacional de drogas. Condenado a 5 anos e 5 meses de reclusão em regime semiaberto.
  • Felipe Alexandre da Costa - As investigações mostraram que ele também atuava em todos os negócios de Beira-Mar. Já foi condenado por lavagem de dinheiro, em uma investigação em Curitiba. Condenado a 6 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão em regime fechado.
  • Ryan Guilherme Lira da Costa - A investigação aponta que ele utilizava linguagem codificada para estabelecer comunicação com os integrantes do grupo criminoso com objetivo de dificultar ações policiais, e usava codinome, a fim de dificultar sua identificação. Aproveitou-se das visitas sociais para tratar de assuntos inerentes à prática de crimes. Condenado a 4 anos e 10 meses de reclusão em regime semiaberto.
  • Gabriela Figueiredo Ângelo da Costa - A Justiça apurou que Fernandinho Beira-Mar adotou Gabriela para que, como filha socioafetiva, tivesse direito à visitas, e assim levar e receber "bilhetes" com conteúdo criminoso, inclusive relacionados ao tráfico internacional de drogas. Ela também era responsável pela movimentação de valores/pagamentos, fiscalização de atividades relacionadas à digitação de bilhetes e recebimento e repasse de informações para diversos membros da organização criminosa. Condenada a 4 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão em regime semiaberto.

Irmã e ex-mulher também foram condenadas

A irmã de Beira-Mar, Alessandra da Costa, que é advogada, e seu filho Taiuã Vinícius, também foram condenados por atuar na lavagem de dinheiro e, inclusive, segundo a Justiça, enriquecer com as transações ilícitas. Alessandra foi condenada a 7 anos e 4 meses de reclusão em regime semiaberto, e Taiuã Vinícius, apontado pela como um dos conselheiros da organização criminosa de Beira-Mar, foi condenado a 5 anos e 8 meses de reclusão também em regime semiaberto.


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