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porto velho, terça-feira 15 de julho de 2025
BRASIL: Os familiares de Poliana da Silva de Oliveira, de 24 anos — que foi morta a tiros pelo próprio pai, Antônio Marcos Pereira de Oliveira, de 45 anos —, ainda estão perplexos com a tragédia que aconteceu em Galvão, Santa Catarina, no último domingo (30). No entanto, disseram ao site que a fatalidade já tinha sido anunciada havia muito tempo.
Duas tias maternas de Poliana, que preferiram não se identificar, afirmaram à reportagem que a mãe da jovem já sofria abusos do companheiro quando ainda estava grávida dela. "Nossa irmã era bastante agredida por ele. Conseguiu duas medidas protetivas contra ele e ainda precisou sair fugida lá de Santa Catarina para o Paraná por conta da violência. Na época, a Poli era bebê de colo e não chegou a conviver com ele", começou uma das mulheres.
Segundo elas, a jovem só foi conhecer o pai, de verdade, quando foi morar com ele, aos 12 anos. "Ela não sabia como ele era. Como ela era inocente, achou que a vida seria melhor e decidiu morar com ele. O problema é que, depois disso, ele proibiu o contato dela com a nossa família. Era muito raro ela vir nos visitar", completa uma das tias de Poliana.
"Ele controlava tudo o que ela fazia. Não deixava ter rede social, não deixava ela sair nem namorar. Ela só começou a namorar o Ewerton [marido que também morreu no último domingo (30)] porque ele permitiu e, ainda assim, ele acompanhava tudo o que eles faziam", disseram as duas mulheres.
Um terceiro familiar, que também preferiu não revelar o nome, contou que, durante os oito anos que morou com Antônio, Poliana era frequentemente abusada, tanto física quanto sexualmente. "Ela era torturada e estuprada por ele. Esse monstro sentia prazer em bater nela. Tudo o que ele podia usar para fazê-la sentir dor, ele usou. Quando ela fugiu da casa dele, vimos que ela tinha muitas cicatrizes pelo corpo. Depois, ela fez várias tatuagens para tentar cobrir todo o sofrimento que passou lá [na casa do pai]", relatou.
Assim que se mudou para o Paraná, a jovem decidiu denunciar todos os abusos que sofreu. No entanto, ela e o marido passaram a ser constantemente ameaçados por Antônio. "Ele sempre dizia que ia acabar com a vida dela, que ia buscá-la até no inferno. Hoje, eu fico triste porque ela me contava essas coisas, e eu dizia que ele não faria isso porque era pai dela. Eu errei porque esse monstro nunca foi pai dela de verdade", disse uma das tias.
Já a outra tia de Poliana afirmou que temia que a tragédia do último domingo pudesse, de fato, acontecer. "Sempre falei para ela não ir lá para Galvão [município a 580 km da capital de Santa Catarina, Florianópolis] porque a qualquer momento o pai dela poderia ir atrás. E foi exatamente isso que aconteceu", lamentou.
Elas disseram que, no último domingo, Antônio atirou primeiro contra Ewerton e, em seguida, no irmão dele — que sobreviveu e foi levado ao hospital, mas não há informações sobre o estado de saúde dele. Assim que ouviu os disparos, Poliana teria ido ao encontro do pai e dito: "Eu sei que é a mim que você quer. Eu estou aqui, não atira mais em ninguém".
Segundo as familiares, ele teria feito ela se ajoelhar e a matou com um tiro no rosto. "Ele praticamente explodiu a cabeça dela. Não tem como chamar um monstro desse de pai", afirmaram.