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    porto velho, domingo 27 de julho de 2025

“Uma verdadeira organização criminosa”, diz PF sobre gabinete de intervenção federal no Rio

CNN teve acesso ao inquérito da Polícia Federal em que detalha o suposto esquema que tem como centro compra irregular de coletes à prova de balas


cnn

Publicada em: 13/09/2023 16:56:14 - Atualizado

BRASIL: A Polícia Federal (PF) afirma que constatou “uma verdadeira organização criminosa” durante a investigação do contrato de compra de 9.360 coletes balísticos pelo Gabinete de Intervenção Federal do Rio de Janeiro, em 2018.

Segundo a PF, no inquérito a qual a CNN teve acesso, a organização foi “responsável por operar a fraude na licitação e corromper servidores públicos para que [a empresa] CTU Security LLC lograsse êxito na celebração do firmado no processo de dispensa de licitação no valor total de US$ 9.451.605,60 [9 milhões de dólares]”.

Na apuração dos investigadores, foi identificada a divisão de tarefas bem definidas entre financiadores, operadores e servidores públicos para que a empresa norte-americana CTU vencesse sua primeira licitação no Brasil, mesmo sem sede, no valor de aproximadamente R$ 35 milhões na cotação da época.

A investigação começou após autoridades dos Estados Unidos avisarem ao governo brasileiro sobre a empresa norte-americana que tinha contratos com o Brasil com um investigado deles, o venezuelano Antonio Intriago, dono da UCT.

O ponto de partida deles foi a assassinato do então presidente do Haiti Jovenel Moïse em 2021, pelo qual Intriago foi preso e denunciado pelo crime.

Segundo as autoridades americanas, a empresa dele deu suporte com os equipamentos balísticos para o atentado político, bem como financiamento em dinheiro.

O Tribunal de Contas da União (TCU) brasileiro então analisou o contrato do Gabinete de Intervenção e chegou à conclusão de um sobrepreço de R$ 4,2 milhões na compra dos coletes.

Documentos revelados na terça-feira (12) pela CNN mostram que houve um recuo, por parte do Gabinete de Intervenção Federal do Rio de Janeiro, depois de a empresa americana CTU Security LLC ter sido contratada sem licitação em 2018 e não cumprir o contrato.

O documento com 226 páginas da Casa Civil da Presidência da República, à qual o gabinete estava subordinado, detalhou as cláusulas do contrato e trocas de e-mails de servidores com representantes da empresa norte-americana, incluindo uma viagem da comitiva.

O general Walter Braga Netto, então interventor federal, declarou que todos os trâmites do contrato tinham respaldo do TCU, mas partiu do próprio gabinete a suspensão com a empresa CTU.

Contrato alvo da PF

A Polícia Federal mirou na terça-feira (12) esse contrato sem licitação no valor de R$ 40 milhões durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018.

A investigação apura os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa supostamente praticadas por servidores públicos federais quando da contratação da empresa CTU Security LLC pelo governo brasileiro.

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. O general Braga Netto, ex-interventor e ex-ministro da Casa Civil, é investigado, mas não foi alvo de buscas.


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