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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL - O empreiteiro José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, prestou nesta terça-feira (5) depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura se empresas do setor portuário pagaram propinas a Michel Temer.
Segundo pessoa com acesso às investigações, ele confirmou que foi cobrado pelo coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente, a fazer um pagamento de R$ 1 milhão.
O valor seria uma contrapartida à subcontratação da empreiteira para executar serviços de um contrato da Eletronuclear com empresa ligada a Lima. Os recursos teriam sido destinados à campanha de 2014.
Alvo da Lava Jato, Antunes tentou em 2016 um acordo de delação com o MPF (Ministério Público Federal), mas as tratativas não prosperaram. Agora, negocia uma colaboração com a própria PF, o que poderia reforçar algumas das teses da investigação sobre portos.
O empresário falou durante a tarde, na sede da corporação, em Brasília. O teor do depoimento é mantido em sigilo.
Declarações pregressas dele já haviam sido usadas para embasar a operação Skala, que prendeu o coronel e outros aliados a Temer em março.
O empresário sustenta que Lima só conseguiu o contrato com a estatal, controlada pelo MDB, por causa do vínculo com Temer. Alega que que foi necessário subcontratar a Engevix porque a empresa ligada ao coronel não tinha capacidade para executar os serviços.
Os investigadores suspeitam que parte dos recursos recebidos pelo coronel, provenientes da Eletronuclear, tenham beneficiado o presidente, inclusive por meio de reformas em imóveis de sua família.
O contrato com a Eletronuclear, de R$ 162 milhões, foi firmado em 2012, para a elaboração de projetos da usina de Angra 3. A multinacional AF Consult, com sede na Finlândia, venceu a licitação e, para prestar os serviços, montou uma empresa no Brasil em parceria com a Argeplan Engenharia, que pertence ao coronel.
Entre 2012 e 2016, o contrato rendeu R$ 55,2 milhões à filial brasileira.
A defesa de Lima nega envolvimento de seu cliente em corrupção.
O advogado Brian Alves Prado, que defende Temer, disse que não teve acesso ao depoimento até o presente momento, razão pela qual deixa de se manifestar sobre o assunto.