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porto velho, quinta-feira 4 de setembro de 2025
BRASIL: O ministro do STF Alexandre de Moraes planeja ordenar que Jair Bolsonaro cumpra a pena no Complexo da Papuda, em Brasília, caso seja condenado no inquérito do golpe.
O julgamento do ex-presidente no âmbito da ação golpista está marcado para começar na terça-feira (2/9) e seguir até o dia 12 de setembro, na Primeira Turma do Supremo.
Fontes graduadas do Judiciário próximas a Moraes garantem, porém, que o ministro já indicou que, inicialmente, ordenará que Bolsonaro cumpra a pena em uma cela especial na Papuda.
“Só um milagre ou uma crise grave de saúde tiram Bolsonaro da Papuda após o julgamento definitivo”, disse à coluna um ministro com acesso direto a Moraes.
RISCO DE VIDA
A possibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro cumprir eventual pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, levanta sérias preocupações institucionais, políticas e de segurança nacional.
Colocar um ex-chefe de Estado em uma penitenciária comum não é apenas um ato judicial: é um gesto de forte simbolismo político que carrega riscos imediatos. Em primeiro lugar, a segurança física do ex-presidente. A Papuda concentra presos de diferentes perfis, muitos ligados a facções criminosas. Mesmo em cela especial, a mera proximidade com esse ambiente pode expor Bolsonaro a ameaças de integridade física, chantagens e até a risco de morte.
Outro ponto crítico é a estabilidade institucional. A imagem de um ex-presidente encarcerado em um presídio comum pode acirrar tensões sociais, servir de combustível para polarização e provocar reações de grupos radicais. Em vez de transmitir a ideia de justiça, a medida pode ser interpretada como um ato de perseguição política, colocando ainda mais em xeque a credibilidade das instituições.
Historicamente, países democráticos adotam protocolos diferenciados para ex-presidentes, preservando não apenas sua segurança pessoal, mas também o respeito ao cargo que ocuparam. Isso não significa impunidade, mas sim a compreensão de que a proteção da estabilidade nacional deve estar acima de disputas políticas ou judiciais.
Ignorar esses fatores pode criar uma instabilidade de grandes proporções, enfraquecendo a confiança da população no equilíbrio entre Justiça e democracia. O Brasil precisa refletir com responsabilidade: punir quem deve ser punido, mas sem comprometer a segurança nacional nem a própria solidez de suas instituições.