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porto velho, quinta-feira 23 de outubro de 2025
PORTO VELHO - RO - A cada nova tragédia na BR-364, cresce a indignação do povo de Rondônia — e com razão. A rodovia federal, que corta o Estado de ponta a ponta, tornou-se um corredor de mortes. Em menos de três dias, cinco pessoas perderam a vida em dois graves acidentes. E, como se a dor alheia fosse apenas estatística, a concessionária responsável, a Nova BR-364, mantém-se em absoluto silêncio. Nenhuma nota, nenhuma explicação, nenhum gesto de empatia. Um descaso que soa como desprezo.
O primeiro acidente ocorreu em Jaru, no trecho que leva a Ouro Preto do Oeste. Uma ultrapassagem malsucedida resultou em uma tripla colisão entre uma Toyota SW4, um Toyota Corolla e uma Chevrolet Tracker. Três pessoas morreram, entre elas um empresário local e um morador de Ji-Paraná. A violência foi tamanha que um dos veículos ficou completamente destruído. No mesmo acidente, familiares do deputado federal Lúcio Mosquini-MDB ficaram feridos e seguem hospitalizados.
Poucos dias depois, a rodovia voltou a cobrar seu tributo em sangue. Na altura do Rio Leitão, entre Ji-Paraná e Presidente Médici, uma colisão entre uma motocicleta e um carro de passeio terminou com dois mortos e um dos veículos em chamas. Cinco vidas ceifadas em apenas 72 horas, em uma estrada que há anos acumula cruzes e promessas não cumpridas.
Enquanto isso, a concessionária Nova BR-364 segue muda. Nenhuma manifestação pública, nenhum plano emergencial de segurança, nenhuma ação concreta para conter a escalada de tragédias. A empresa, que se apresenta como concessionária moderna e eficiente, mostra-se insensível diante da realidade que vitima motoristas, famílias e trabalhadores diariamente.
O mínimo que se esperaria de quem explora uma rodovia pública seria respeito. Mas o que o povo rondoniense tem recebido é o contrário: tarifas, buracos, sinalização precária e um silêncio ensurdecedor. A duplicação integral da BR-364 — e não apenas de trechos isolados — é uma urgência de vida, não uma promessa de marketing.
Enquanto a concessionária se cala, a estrada segue fazendo suas vítimas. E cada nova cruz fincada à beira do asfalto é um lembrete cruel de que, para alguns, o lucro fala mais alto que a vida.