A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entrou na Justiça pedindo que o Partido Liberal (PL) suspenda o pagamento do salário de Jair Bolsonaro, que ocupa o cargo de presidente de honra da sigla. A ação foi protocolada na Justiça Federal mesmo após o anúncio de que o ex-presidente enfrenta um tratamento contra o câncer, informação confirmada recentemente por seus familiares e aliados políticos.

A decisão da parlamentar gerou críticas de setores políticos e sociais, que consideram o momento escolhido inoportuno e desumano. Para adversários da medida, a iniciativa ignora a condição de saúde de Bolsonaro e tenta capitalizar politicamente em cima de uma situação delicada.

O ex-presidente, que recebe cerca de R$ 33,8 mil mensais do partido, está em prisão domiciliar por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), mas segue vinculado formalmente ao PL. O partido já havia anunciado que buscaria parecer jurídico para esclarecer a legalidade da remuneração.

Críticos apontam que, ao insistir na suspensão imediata do pagamento, Erika Hilton coloca a disputa política acima de considerações humanitárias. Para aliados de Bolsonaro, trata-se de uma tentativa de transformar uma questão de saúde em palco de ataque político, em um momento no qual o ex-presidente enfrenta uma das fases mais difíceis de sua vida.

A ação judicial ainda será analisada pela Justiça, mas já abre um novo capítulo de embate entre a esquerda e a direita no país, desta vez marcado pela polêmica sobre os limites entre disputa política e respeito à condição humana.