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porto velho, domingo 28 de setembro de 2025
BRASÍLIA - O PT vai vestir as cores da Bandeira do Brasil e "desavermelhar" sua imagem, ainda que de forma suave. Na segunda leva de inserções do partido na TV, prevista para outubro, os petistas aproveitarão a reviravolta política dos últimos dias e a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 80.ª Assembleia-Geral da ONU para resgatar o verde e amarelo.
"As manifestações de rua em protesto ao projeto da anistia e à PEC da Blindagem, além das articulações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, contra o Brasil, tiraram da extrema-direita o monopólio dos símbolos nacionais", disse o novo secretário de Comunicação do PT, Éden Valadares.
Na prática, a propaganda do partido começa a indicar a linha da campanha de Lula à reeleição, em 2026. Desta vez, os comerciais ficaram a cargo da Log Produções & Filmes. O publicitário Sidônio Palmeira, hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social, assinou os programas eleitorais do petista, em 2022, e deverá ter a mesma tarefa no ano que vem.
Nesta temporada, a imagem da enorme Bandeira do Brasil estendida na Avenida Paulista durante a manifestação do domingo 21, em contraponto à dos Estados Unidos - aberta por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, no ato de 7 de Setembro -, também aparecerá nas inserções do PT.
"Quando eu vi aquela bandeira dos EUA no 7 de Setembro, achei que fosse montagem. Como é que pode?", indagou Valadares. "Não poderíamos perder isso. Nosso programa terá muito verde, amarelo, azul e branco. Vamos mostrar as cores e as caras do Brasil, com a Amazônia, o sertão, os pampas e os grandes centros urbanos", completou o secretário de Comunicação do PT.
O destaque dos filmes será Lula na ONU dez dias depois da condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Assuntos como a morte da proposta de emenda à Constituição que impedia a abertura de processos criminais contra parlamentares, sem autorização do Congresso, entrarão nas inserções comerciais de forma genérica.
Na Câmara, 12 deputados do PT chegaram a se posicionar a favor da PEC da Blindagem e oito aprovaram a manobra para que houvesse voto secreto nas sessões destinadas a autorizar processos criminais contra parlamentares.
O episódio abriu uma crise no PT, que resolveu enquadrar suas bancadas no Congresso. Antes mesmo de a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado derrubar a proposta, que ficou conhecida como "PEC da Bandidagem", o partido divulgou uma resolução política, seguindo orientação de Lula, contra "qualquer redução de pena para quem planejou golpe de Estado e tentativa de assassinato do presidente da República, vice-presidente e presidente do Tribunal Superior Eleitoral".
O documento também determinava que os senadores do partido rejeitassem a PEC "que reestabelece as prerrogativas parlamentares". A proposta não foi chamada ali de "PEC da Blindagem" ou "da Bandidagem", fato que provocou críticas da esquerda petista.