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    porto velho, segunda-feira 23 de setembro de 2024

Sem água nem peixes, ribeirinhos enfrentam menor nível da história do rio Madeira

A falta de peixes e de água potável está levando as famílias locais a uma situação alarmante...


Redação

Publicada em: 23/09/2024 15:22:00 - Atualizado

Crédito fotográfico Rosinaldo Machado

PORTO VELHO, RO: O Rio Madeira, em Porto Velho, atingiu um dos menores níveis de sua história nas primeiras horas desta segunda-feira (23), com a profundidade das águas caindo para apenas 25 centímetros. A seca extrema tem causado enormes dificuldades para as comunidades ribeirinhas, que dependem do rio para sobreviver. 

A falta de peixes e de água potável está levando as famílias locais a uma situação alarmante.

De acordo com o pescador André Pinto, a pesca, que antes era a principal fonte de alimento para a comunidade, praticamente desapareceu. "Você sai para pescar e não encontra nada. Os peixes sumiram, e o rio virou um deserto de areia", relata. A fumaça das queimadas que afeta a região também piora as condições de vida dos moradores, tornando o ar irrespirável.

Na comunidade Brasileira, a situação é ainda mais crítica. Sem água nos poços e com o isolamento provocado pela seca, os moradores agora dependem de carregamentos emergenciais de água realizados pela Defesa Civil. Elisa Regina, moradora da localidade, afirma que a água distribuída não é suficiente para atender as famílias. "Recebemos água no início de setembro, mas agora já acabou. Sem dinheiro para comprar mais, ficamos sem nada para beber", desabafa.

As altas temperaturas intensificam o consumo, e um galão de 20 litros de água dura pouco mais de um dia em muitas casas, onde vivem várias pessoas. Segundo a Prefeitura de Porto Velho, serão distribuídos mais de 15 mil fardos de água potável para as 433 famílias mais afetadas pela seca, em um esforço para amenizar a crise.

Além das dificuldades enfrentadas pelas pessoas, a fauna local também sofre com os efeitos da estiagem severa. Peixes estão morrendo em lagoas formadas no leito do rio, onde falta alimento e oxigênio. Animais como jacarés também estão morrendo pela escassez de presas, sendo encontrados mortos nas margens.

A seca no Rio Madeira também traz consequências econômicas, afetando diretamente o transporte de cargas na hidrovia, uma das principais rotas logísticas da região. O porto de Porto Velho já registra uma queda de 60% no transporte de granéis sólidos, como soja e milho. O impacto pode levar ao aumento dos preços de produtos essenciais nas próximas semanas, de acordo com especialistas.

A situação no estado é agravada pelos incêndios florestais, que atingem níveis recordes. Em setembro, os focos de queimadas triplicaram em relação ao primeiro semestre do ano, colocando Rondônia em alerta máximo. As autoridades ambientais intensificaram as operações de combate aos incêndios e aplicaram milhões de reais em multas, mas os desafios para controlar a crise continuam a crescer.

A seca e as queimadas formam um cenário de calamidade, com consequências devastadoras para o meio ambiente, a economia e, principalmente, para as comunidades que dependem diretamente do Rio Madeira para sua subsistência.


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